Na contramão da ameaça de homogeneização da globalização, o mundo experimentou, nos últimos tempos, um fortalecimento das culturas locais - das regiões, das nações e dos blocos. Embarcando nesse cenário de multiculturalismo, o Canoas Jazz traz, em sua quinta edição, um flerte com a world music. A principal atração é o conjunto vocal sul-africano Ladysmith Black Mambazo, no domingo.
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A noite de abertura, neste sábado, será dedicada aos sons do Prata, com os argentinos Escalandrum (de Daniel "Pipi" Piazzolla, neto de Astor) e La Chicana, da cantora Dolores Solá e do violonista Acho Estol - com participações de medalhões da música do Rio Grande do Sul. O secretário de cultura de Canoas, Luciano Alabarse, que neste ano assume também a curadoria do festival, explica:
- Gosto da liberdade que dá essa pequena palavra: jazz. O jazz tem uma característica de improviso muito evidente em seus grandes expoentes, e acho que isso me fez pensar que o gênero poderia ter um namoro ampliado com a world music. O jazz é um conceito em expansão.
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Também coordenador-geral do festival Porto Alegre Em Cena, Alabarse garante que gosta de música "tanto ou mais do que de teatro", mas ressalta que seu olhar de curador do Canoas Jazz é de um membro do público, e não de músico, ofício que não é o seu. Ele explica que não foi sua intenção dar uma guinada no perfil do festival:
- Só queria e quero sempre provocar o gosto do público, trazer atrações insuspeitas, insólitas, que talvez não sejam exatamente o que as pessoas esperam.
Em um ano no qual a crise econômica foi o fator determinante no destino dos eventos culturais, o curador garante que as atrações foram contratadas antes da escalada do câmbio e que os valores foram fixados em reais.
- Os grupos internacionais sempre querem fazer contratos em dólares, mas digo que a moeda do Brasil é o real. Temos que ver a cotação do dia (da data de assinatura do contrato), e é esta que vale. Se fosse fazer hoje, provavelmente (os contratos) custariam muito mais.
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Com orçamento previsto de cerca de R$ 500 mil, esta edição foi viabilizada com 80% de patrocinadores e 20% de verba da prefeitura de Canoas. O grande saxofonista americano Wayne Shorter, que também foi sondado pelo Porto Alegre Jazz Festival, em outubro, foi descartado deste Canoas Jazz, mas Alabarse deixa uma ponta de expectativa:
- Por meio de seu agente, fomos informados da impossibilidade de Wayne Shorter viajar no segundo semestre, mas não desistimos dele, não.
Ladysmith Black Mambazo
Em sua primeira apresentação no Rio Grande do Sul, o conjunto sul-africano é uma das formações vocais mais reverenciadas no mundo, já tendo colaborado com artistas pop que vão de Stevie Wonder a Paul Simon, com quem gravaram o célebre disco Graceland (1986).
Liderado pelo fundador Joseph Shabalala, o grupo tem mais de 50 anos de atividade, já tendo amealhado quatro Grammy. O Ladysmith honra a música tradicional sul-africana, da qual são um verdadeiro símbolo: apresentaram-se em homenagem a Nelson Mandela em Oslo, em 1993, quando ele recebeu o Nobel da Paz, e no ano seguinte, quando se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul.
La Chicana
Combinando ritmos platinos como tango, milonga e chacarera com referências da música pop e até da clássica, o La Chicana lançou, neste ano, o disco Antihéroes y Tumbas, mas a base do show será o lançamento do novo La Pampa Grande. A apresentação do grupo liderado pela cantora Dolores Solá e pelo violonista Acho Estol será repleta de participações de músicos do Estado: Arthur de Faria, Giovani Berti, Luiz Carlos Borges, Hique Gomez e Antonio Villeroy. O contato com os gaúchos vem desde final dos anos 1990, quando o La Chicana participou do festival Buenos Aires em Porto Alegre - no ano seguinte, o grupo portenho esteve no Porto Alegre Em Cena.
Escalandrum
Se Astor Piazzolla aproximou o tango da música de concerto, seu neto Daniel "Pipi" Piazzolla opta por levar adiante a renovação do gênero por meio de uma mistura com o jazz. Em 1999, o baterista criou a banda Escalandrum, que tem em sua formação Nicolás Guerschberg (piano), Mariano Sivori (contrabaixo), Damián Fogiel (sax tenor), Gustavo Musso (sax alto e soprano) e Martín Pantyrer (sax barítono e clarinete baixo). Para o repertório do show, o grupo argentino pinçou de sua discografia o álbum Piazzolla Plays Piazzolla (2011), tributo aos 90 anos de nascimento de Astor que inclui releituras de clássicos como Adiós Nonino, Libertango e Buenos Aires Hora Cero.
PROGRAME-SE
5º CANOAS JAZZ
Parque Municipal Getúlio Vargas (Capão do Corvo)
Rua Dona Rafaela, 700, Bairro Marechal Rondon, em Canoas.
Entrada franca.
SÁBADO
19h: Pedro Longes (Canoas)
19h30: Escalandrum (Argentina)
21h: La Chicana (Argentina)
DOMINGO
19h30: Jazz 6 (Porto Alegre)
21h: Ladysmith Black Mambazo (África do Sul)