Em um de seus primeiros livros de poemas, Terceira Sede, publicado quando ainda nem tinha 30 anos, Fabrício Carpinejar se imaginava velho. Agora, com mais de
40 e pai, o poeta e cronista lança um olhar na direção inversa e recupera sua infância e adolescência em paralelo com a infância e a adolescência de seus dois filhos, Mariana e Vicente.
Carpinejar estará na Feira do Livro neste domingo, às 18h, na Casa do Pensamento, para apresentar duas séries de livros infanto-juvenis, Vida em Pedaços e Pedaços de Vida. Na primeira, narra episódios da própria juventude. Na segunda, relata os medos e as perplexidades de um pai que acompanha o crescimento dos próprios filhos. Às 19h, no pavilhão de autógrafos, o escritor assina exemplares das duas coleções.
Editadas pela Edelbra, as coleções reúnem, cada uma, quatro novelas fragmentárias que exploram episódios, medos e descobertas de infância, matizadas pelo contraste entre o que o menino Carpinejar, nascido em 1972, viveu, e o que ele testemunhou acompanhando Mariana (de 1993) e Vicente (de 2002). A série Pedaços de Vida encerra, simbolicamente, com os 21 anos de Mariana.
- Eu queria ter a comparação entre eu, que fui criado na rua brincando e era chamado para casa pela minha mãe só para jantar, e meus filhos. A Mariana ainda conheceu o pátio de uma casa, mas o Vicente é um guri de apartamento. Uma das diferenças que percebi é que os filhos hoje são alvo de tanta preocupação e fiscalização que eles nem sentem saudade dos pais - diz Carpinejar.
Acostumado a incluir elementos autobiográficos em sua obra, além de ser uma figura midiática presente em rádio, TV e internet, Carpinejar precisou, no entanto, negociar com os filhos partes da narrativa sobre as vidas de ambos.
- Foi barra pesada, pior que negociar dívida. Porque eles estão construindo sua própria vida. O Vicente não gosta de fotos, eu usei mensagens de Mariana... Esses livros só se tornaram possíveis porque colaborei com as revistas Crescer e Pais & Filhos e fui escrevendo cada texto à medida que os via crescer. E o que eu tento dizer nesses textos é o quanto a gente mente o sentimento para nossos filhos. A gente finge que não está chorando, acha que criança não vai entender, mas elas reagem melhor que muitos adultos - afirma o autor.