Ao mesmo tempo em que ensina muito, MasterChef Júnior é um programa de cortar o coração. Em apenas dois episódios, o reality show da Band já conquistou um público cativo, tal qual a versão adulta da competição, e isso era esperado. Mas as lições que os competidores mirins vêm dando até aqui são incontáveis.
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Desta vez, a grande atração não são os jurados, mas sim os concorrentes. Tudo bem que os chefs Erick Jacquin, Henrique Fogaça e Paola Carosella estão bem doces e, até, melosos. Mas entende-se. Ana Paula Padrão é outra que baixou o tom e está menos frenética em sua contagem do tempo.
Todos se esforçam para fazer os chefinhos brilharem. E as crianças nem precisam fazer força para isso. Todas ali são carismáticas, até as "chatinhas". Para além disso, são bastante talentosas. Tem muito marmanjo por aí que não sabe nem comprar ingredientes para fazer uma massa caseira, muito menos fazer um sushi.
Alguns dos candidatos, os "mais velhos" principalmente, já têm preparo psicológico para encarar os desafios e a pressão a que são submetidos em cada prova. Os mais novos ainda não, e é aí que entra o choro deles e o aperto no coração de quem assiste. Como não se emocionar com a pequena Ivana, de apenas nove anos? Impossível.
Pior é ouvir gente dizendo que ninguém os obrigou a estar ali. Não mesmo. Estão ali porque assim quiseram, mas continuam a ser crianças, e aquele choro é sincero e espontâneo. (Nota curiosa sobre a Ivana: seu pai é o presidente da Google Brasil, Fabio Coelho.)
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Se a versão adulta do MasterChef podia ser lida como um ambiente de trabalho, a kids pode ser vista como colegial. Aquelas crianças estão ali para competir, e sabem bem disso, mas nenhuma se furta de ajudar o colega sempre que necessário, nem que isso possa prejudicar seu próprio desempenho.
Os mais altos ajudam os menores a pegar objetos que estão nas prateleiras. Quem tem ingredientes sobrando não pestaneja em ceder uma parte àquele que esqueceu de pegá-lo no supermercado. Para surpresa dos jurados, da apresentadora e do público, o ambiente parece uma escola. Henrique Fogaça: "Não há encenação no 'MasterChef Brasil'. Não aceitaria ser um ator"
Nada, porém, foi tão comovente quanto o momento em que Aisha, nove anos - a nova Jiang Pu, tamanha sua espontaneidade -, deixou o peixe quase pronto cair e precisou recomeçar a receita do zero. Eduardo, 13, correu para dar o ingrediente que não estava usando para a garota. Ela conseguiu refazer o prato a tempo e foi escolhida entre os quatro melhores da prova. O menino, não. Nem por isso, perdeu o sorriso de satisfação por ter ajudado a amiga. Essas crianças estão dando um baita exemplo de coletividade e solidariedade. E esse é o encanto desta versão.
Ainda é cedo para dizer quem é o melhor ali, mas posso dizer que fiquei com uma vontade imensa de ir ao restaurante da Paolla provar a empanada criada pela Daphne e que vai integrar o cardápio do La Guapa.