Termina nesta segunda-feira a Brasil Game Show, maior feira de games do Brasil e uma das maiores da América Latina. A grandiosidade do evento, que reuniu os principais nomes do segmento, como Microsoft, Sony, Warner, Actvision, Ubisoft e Nvidia, mostra a força de um mercado que só no ano passado movimentou US$ 1,5 bilhão no Brasil - e deve crescer 13% ao ano até 2019, segundo a consultoria Euromonitor International.
Zero Hora esteve por lá e selecionou alguns dos destaques do encontro, que apontou tendências, confirmou força dos gigantes, mas também deu espaço para os pequenos.
Exclusivos para PlayStation e Xbox
Para o público experimentar, cabines com PlayStation 4 recebiam filas quilométricas para Uncharted Collection (foto), Dark Souls 3 e Saint Seya: Soldier's Soul.
Foto: playstation.com / Divulgação
As duas maiores estrelas da feira novamente apostaram em conteúdo exclusivo para atrair gente. Ao contrário das últimas edições, desta vez a Microsoft não ocupou metade do estande com um carro de Stock Car para promover seus jogos de corrida - mais inteligente, optou por oferecer ao público uma dúzia de simuladores que continham o recém-lançado Forza Motorsport 6.
Com mais espaço, montou cabines onde era possível conferir blockbusters ainda inéditos, como Halo 5 - Guardians e Rise of the Tomb Raider, além da remasterização de Gears of War. A área para jogos independentes exclusivos do Xbox One seguiu a mesma linha, mostrando promessas (como Cuphead) e o já lançado Aritana e a Pena da Harpia, da produtora paulistana Duaik Studios. Para jornalistas, a empresa mostrou uma demo do jogo de ação Quantum Break, previsto para abril de 2016.
Do outro lado da rua, a Sony trouxe um dos jogos mais aguardados pelos fãs de luta, Street Fighter V, exclusivo para PlayStation 4 até segunda ordem. A atração contou com a presença do produtor do game, Yoshinori Ono, que aproveitou para revelar oficialmente a polêmica lutadora brasileira Laura.
A portas fechadas, a empresa mostrou dois dos seus jogos inéditos mais antecipados: Uncharted 4, conclusão da saga do aventureiro Nathan Drake, e Horizon Zero Dawn, impressionante game de mundo aberto - ambos previstos para 2016. Para o público experimentar, cabines com PlayStation 4 recebiam filas quilométricas para Uncharted Collection, Dark Souls 3 e Saint Seya: Soldier's Soul.
A polêmica nova lutadora de Street Fighter
Personagem de Street Fighter V, Laura é uma morena de seios fartíssimos que foi apresentada oficialmente na Brasil Game Show - apesar de ter sua figura vazada dias antes por uma revista japonesa.
Foto: streetfighter.com / Divulgação
Rio de Janeiro, Carnaval, pássaros tropicais, capoeira e sensualidade. Misture tudo isso, eleve ao quadrado e capriche na caricatura: eis o Brasil em Street Fighter V, representado por Laura. A lutadora, uma morena dona de seios fartíssimos e de movimentos que valorizam suas curvas sinuosas, foi apresentada oficialmente na Brasil Game Show - apesar de ter sua figura vazada dias antes por uma revista japonesa.
Produtor de SF V e responsável pelo visual de Laura, o japonês Yoshinori Ono esteve pessoalmente na feira para revelar a estátua da lutadora e explicar que, sim, tanto Laura quanto seu cenário são visões exageradas do Brasil - que visitou em 2011.
E bota exagerado nisso: vestindo uma calça de capoeira verde e amarela que combina com um top decotado com a mesma combinação de cores, Laura recebe os adversários em um cenário que contém passistas de escola de samba, turistas, vendedores de frutas, bonde, tucanos, a Escadaria Selarón e o Corcovado - que ao invés do Cristo Redentor, exibe a taça da Copa do Mundo. Resta o consolo de que, pelo menos, não nos vêem mais como um monstro que habita a floresta amazônica...
Realidade virtual: e aí?
Grande aposta no futuro da jogatina, a realidade virtual marcou presença e causou furor em na Brasil Game Show. No espaço da Nvidia (desenvolvedora americana especializada em tecnologia de processamento gráfico), o público formava filas de dobrar o quarteirão para experimentar o Oculus Rift.
O sistema de realidade virtual do Facebook foi apresentado pela primeira vez no Brasil rodando com as placas de vídeo da empresa - que os gamers puderam conferir literalmente entrando nos jogos Eve: Valkyrie AirMech. Segundo Richard Cameron, diretor geral da Nvidia no Brasil, a tecnologia deverá estar disponível para o consumidor final em 2016.
- Não há dúvida de que a realidade virtual está no futuro dos videogames e merece atenção e investimento. Nós inclusive temos um programa chamado GamerWorks VR que conta com 300 engenheiros de software que desenvolvem bibliotecas e ferramentas para desenvolvedores de jogos.
Por enquanto, a maioria dos fabricantes ainda engatinha neste universo em terceira dimensão, mas Cameron acredita que o lançamento do dispositivo será suficiente para que a produção de jogos se torne maior e mais diversificada.
- A chegada do hardware ao mercado será a fagulha que falta para que milhares de desenvolvedores comecem a trabalhar, inclusive desenvolvedores independentes - diz.
O avanço dos indies no mainstream
O avanço da tecnologia permitiu a criação de jogos indies cada vez mais bonitos e sofisticados, como mostram indie games como o Horizon Chase, da gaúcha Aquiris.
Foto: horizonchase.tumblr.com / Divulgação
Durante muito tempo, grandes produtoras e público em geral olhavam com desconfiança para jogos e desenvolvedores independentes - que nada podiam fazer a não ser recolherem a um nicho de mercado que conseguia, quando muito, se manter em pé. Na BGS 2015, parece que o jogo virou - ou, pelo menos, tornou-se mais justo. O avanço da tecnologia permitiu a criação de jogos indies cada vez mais bonitos e sofisticados, o que legou a gigantes como Microsoft e Sony a abraçarem a causa - como mostravam seus estandes salpicados de indie games como o Horizon Chase, da gaúcha Aquiris.
Lançada há 45 dias para dispositivos móveis, a carta de amor da produtora aos jogos de corrida de 8 e 16 bits fez tanto sucesso que acabou convidada pela Sony para engrossar a biblioteca de jogos do PlayStation 4. Na BGS, um protótipo da versão para console podia ser testada pelo público (o lançamento oficial deve ficar para o começo de 2016).
Segundo Sandro Manfredini, um dos sócios da Aquiris, o grande barato de colocar o jogo em uma plataforma caseira é a possibilidade de explorar outras potencialidades, como o multiplayer com tela dividida e acréscimo de novas pistas. Além do mais, vai ser o primeiro passo para uma necessária diversificação de plataforma:
- Esse lançamento em console vai ser uma experiência nova para a gente do ponto de vista de mercado e usuário. Consoles trazem muito o tipo de jogos gostamos de fazer, que fogem da linha free to play, mas a ideia não é focar em uma só, não. São raros os projetos hoje que vivem só de uma plataforma, então acho que podemos ganhar um pouquinho em cada.
Esteban Lora, gerente de negócios do programa para jogos independentes da Microsoft, o ID@Xbox, elogia o desempenho da comunidade indie brasileira, que colocou este ano o primeiro game brazuca no Xbox One - o bonito Aritana e Pena da Harpia.
- O que mais me impressiona é a paixão dos criadores pelos seus produtos. Eles realmente acreditam no que estão desenvolvendo, então fica fácil de trabalhar. Aritana foi o primeiro, mas temos vários outros jogos brasileiros vindos por aí, jogos que, apesar de conterem o DNA brasileiro, poderão fazer sucesso em todo o mundo.