A que ponto chegamos
Engana-se quem pensa que o 2º Caderno sempre foi este robusto espaço destinado à crítica de artes e à programação cultural. Em seus primórdios, o suplemento já abarcou o noticiário esportivo (noticiando inclusive um Festival de Motonáutica em Caxias do Sul, veja só), incluiu a programação do turfe no Hipódromo de Canoas e no Jockey Club do Rio Grande do Sul e destacou notícias que hoje pertenceriam às páginas da seção Mundo. Como a capa do ZH Caderno 2 de 5 de novembro de 1965: nela, narrava-se o protesto de Norman R. Morrison, religioso que ateou fogo a si mesmo nas dependências do Pentágono, em frente ao escritório do então secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert McNamara, para posicionar-se contra o envolvimento do país na Guerra do Vietnã.
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Saudosa rabada
Antes de haver um espaço destinado à gastronomia em Zero Hora, era papel deste caderno dar destaque para estabelecimentos importantes – caso do Restaurante Dona Maria, situado na Rua José Montaury, no centro da Capital. Frequentado pela elite intelectual da época, que incluía nomes como Lupicínio Rodrigues (que, "da parceria com o 'limãozinho' da casa, fez grandes sambas, cheios de dores de cotovelo", contava-nos Carlos Nobre), Fernando Corona, Mario Quintana e Athos Damasceno, o restaurante de dona Maria Hopf – que começou cozinhando no Gambrinus do Mercado Público – era um dos lugares favoritos de Erico Verissimo para escrever já em 1948. O local fechou em 1999, após resistir por anos "com saraivadas de rins grelhados, granadas de rabadas e um humor de tainha", segundo escreveu Eliane Brum.
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O folhetim
A última página das primeiras edições do suplemento traziam capítulos do livro Os Insaciáveis (1961), que contava a saga de um ricaço que tenta conquistar Hollywood, tudo isso durante um enlevo romântico com a viúva de seu pai. A leitura era bastante divertida – mas há aí algo curioso: o livro é de autoria de Harold Robbins, porém aparece todo assinado por Charlie Hamblett, jornalista autor de Geração X (1965), ensaio sobre a juventude mod britânica. Será que é tempo para uma errata?
Era assim em 1965
– A luncheonette, original americano de lanchonete
– A fita, em vez de o filme
– O coq, charmosa abreviação para coquetel