Alguns minutos dentro de Missão: Impossível - Nação Secreta e uma melodia muito familiar se filtra da trilha sonora. Familiar, mas tão discreta que tive que cantarolar baixinho, puxando pela memória. Mas é claro!
Comentário: Tom Cruise mostra fôlego e carisma em novo Missão Impossível
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Nessun Dorma de Puccini! Que Pavarotti quase transformou em hino oficial do futebol europeu! E se instalou a dúvida - a música dos blockbusters chegou tão fundo que até uma ópera de Puccini tem que vir na ambulância? Lapso de criatividade? Nem tanto: alguns minutos mais e um personagem recebe ingressos para Turandot, a ópera onde está "Nessun dorma".
Quase imediatamente, o filme se transfere para a Ópera de Viena e tudo se explica. Não é só Puccini que serve de inspiração. O homem que sabia demais, clássico como costumam ser os Hitchcock, comparece e as comparações são óbvias: assassinato, tiros abafados por um crescendo da música, de repente o inesperado para salvar a noite. Troque-se James Stewart por Tom Cruise e Doris Day por Rebecca Ferguson e aí está.
As comparações com Turandot vão além do "Nessun dorma". Mais para o final de Missão: Impossível, na cena do terminal (de trem? de ônibus?), a personagem de Ilsa Faust/Rebecca Ferguson faz três proposições para Ethan Hunt/Tom Cruise, bem como na ópera - e na peça original de Carlo Gozzi que é uma das origens de Puccini. E na despedida dos dois personagens, o filme quase terminando, há um certo derretimento mútuo. Igualzinho ao final de Turandot, tão despropositado no filme quanto na ópera.
Muito estranha essa potência que a ópera ainda exerce sobre o cinema, ainda mais no território dos blockbusters. Mais ainda: diz Christopher McQuarrie, diretor do filme, que as cenas da Ópera de Viena foram as mais trabalhosas do filme, ainda mais que o palco do teatro teve que ser recriado em estúdio para não perturbar o palco original. A logística, ao que parece, foi bem complicada. Quase tão complicada, de fato, quanto o enredo de certas óperas, incluindo Turandot de Puccini.
