Eu contei quatro homens. Das centenas de pessoas que pagaram mais de R$ 150 para ir à after party dos Backstreet Boys, eu consegui distinguir quatro caras. Sobre um deles em específico, não posso garantir que não era um segurança da casa. O quinto era eu, cercado por mulheres entre seus 25 e 35 anos, todas aparentando não ter mais disposição de sair de casa para ir a um lugar como o Beco, onde a festa rolaria, há pelo menos cinco anos.
A tal after party é um misto de meet and greet com a banda e discotecagem de Nick Carter, promovido pela produtora do show. A apresentação levara milhares de fãs da boyband ao Pepsi On Stage mais cedo. Ainda na rua, a primeira notícia deu conta que apenas Kevin Richardson, Howie D. e Nick iriam à festa - A.J. e Brian ficaram no hotel.
Emoção do início ao fim: saiba como foi o show do Backstreet Boys em Porto Alegre
Os três chegam, pisam na João Alfredo e causam certo pandemônio na fila, que sai em gritada disparada em direção aos ídolos de 15 anos atrás. Um membro da Cachorro Grande sugere sair dali em direção ao Van Gogh.
Dentro do Beco, o início da festa é meio desconfortável e confuso. Kevin, Howie e Nick se escapam direto para o segundo andar da casa noturna, onde bebericam drinks feitos pelo barman privado, a única pessoa além dos três músicos e seus seguranças dentro de uma barreira de cordas e faixas. Em pouco tempo, a fronteira é ultrapassada pelas primeiras fãs, que pagaram um pouco mais para tirar uma selfie e passar alguns segundos ao lado dos ídolos. Esse expediente dura mais de uma hora, período em que o primeiro andar vira um tédio. A música mais atrapalha que diverte, já que todo mundo olha para cima e tenta ver a ponta do cabelo espetado do Kevin, que seja. Não há uma alma dançando.
A coisa muda quando os três descem para o palco munidos de microfone e garrafas. Com muito carisma e um pouco de apelação, eles mantêm as fãs vidradas na apresentação, que consiste em Nick discotecando (muito mal) e os outros dois falando no microfone e distribuindo tequila e vodka em copos de plástico para a plateia. Kevin, de perto, lembra um cover malfeito e um pouco assustador do Kevin de 20 anos atrás - como aqueles Michael Jackson de show de calouro. A barbicha milimetricamente aparada e o cabelo arrepiado já não combinam com o atual tiozinho de 40 anos, e o visual parece anacrônico em 2015. Ele bebe um drink de tequila e limão num copo longo.
Howie é um bobo alegre. Pula, grita, imita uma galinha, serve de escada para absolutamente todas as falas ensaiadas dos outros membros, fala 'bunda" com sotaque norte-americano clássico. Enfim, bobalhão, mesmo. Ele bebe caipirinha em um copo de plástico.
Nick não bebe nada. Discoteca, sério, sem falar uma palavra. Não dá para dizer se ele está se divertindo ou pensando nos próximos cinco shows da turnê. A discotecagem de Nick é horrível - as transições são todas atravessadas, ele deixou a festa em silêncio pelo menos duas vezes e o seu repertório consiste em pops genéricos, raps óbvios e alguns hits bizarríssimos dos anos 1980, tipo A-Ha. Sobre ter se divertido na festa ou estar fingindo, não dá para garantir isso de nenhum dos três. Principalmente quando, ao se despedir da plateia, Kevin deixa seu copo longo de tequila e limão na mesa e ele ainda está totalmente cheio.
Confira imagens do show no Pepsi On Stage