Quem foi no show sabendo no que se metia, saiu mais que satisfeito. Para os que sabiam que não teria banda, só a melodia por trás em playback, as vozes ao vivo - abraçando até imperfeições causadas pelo esforço em também repetir coreografias de 20 anos atrás - foram uma agradável notícia.
Os que também foram sabendo que esse é um momento de ressurgimento do grupo e que não há mais o glamour - neles ou na indústria - que quando o BSB surgiu, também não se importaram com o palco pobre e o figurino preguiçoso. Logo, foi um show para fãs, para quem sabia onde estava pisando e para quem queria mesmo era cantar junto e se emocionar. Ah sim, isso também foi como antecipado: muita emoção.
Antecipamos o provável set list, veja (e ouça)
Logo no primeiro terço de show, Nick Carter ficou sozinho no palco por alguns minutos e deu algumas regras a serem seguidas pelo público. Uma delas era: "quero que vocês voltem a ter 15 anos". Missão dada é missão cumprida e, coerente com a euforia pela compra dos ingressos foi a comoção na hora do show do Backstreet Boys nessa noite fria de junho no gelado Pepsi On Stage.
Voltar a ter 15 anos não é tarefa fácil. Há quem tenha confiado à banda tal tarefa: um tiquinho de Everybody deu o start para a primeira música: The Call. E, daí, foi só deixar o calendário correr para trás. Todos aqueles sentimentos trazidos por letras com longas declarações daquele amor que só se sente na adolescência, que é sofrido, quase impossível, de uma inocência que já não se reconhece mais, foram derramando lágrimas e abrindo sorrisos para todo lado que se olhasse.
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A minha tática - e a de muita gente por lá - foi me juntar às pessoas com as quais eu queria ter visto esse show aos 13 anos. Hoje somos uma jornalista, uma fisioterapeuta e uma auditora, todas com casas e prestações próprias para pagar. Mas durante aqueles cerca de 90 minutos voltamos a ser a Fê, a Ju e a Kaks, que passavam as tardes grudadas no telefone fixo comentando o novo clipe dos BSB na MTV, ou que dançavam as coreografias no pátio do Santa Dorotéia na hora do recreio - e nas garagens nos finais de semana. Como nós, muitas outras mulheres - e alguns homens - que lá estavam se apoiaram nas amizades de duas décadas para lembrar das músicas, das coreografias e de um tempo que teima em passar rápido demais.
Se há mesmo pobreza no cenário e no figurino, a formação do setlist mostra porque essa banda ainda pode surfar no sucesso tanto tempo depois. Um hit atrás do outro, foram 23 músicas cantadas em uníssono - tá, as mais novas menos, mas ainda assim por muita gente - entrecortadas por gritos e suspiros. Algumas coreografias os cantores já não têm mais fôlego para repetir, mas as clássicas As Long as You Love Me e Everybody não deixaram a desejar.
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Com 15 ou 20 anos de atraso, todos nós lá no Pepsi pagamos nossa dívida com nossas infâncias e adolescências. Claro que não foi como teria sido naquela época, mas, também não foi ruim, teve ainda aquele gostinho de nostalgia. Agora é voltar para a realidade dos amores que são também enormes, mas são possíveis, de menos ansiedade, dos filhos, das carreiras e de tudo o que a gente queria poder fotografar e levar de volta para aquela gurizada que dançava no recreio dizendo: dancem aí tranquilas, vai dar tudo certo. E vocês ainda vão ver isso ao vivo. Juntas.
De volta aos 15 anos
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Público se apoiou nas amizades de duas décadas para lembrar das músicas, das coreografias e de um tempo que teima em passar rápido demais
FêCris Vasconcellos
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