Respeitável público, atenção para os números de circo do 10º Festival Palco Giratório Sesc/POA: nada menos do que 10 espetáculos colocam em cena, a partir desta terça-feira (19/5), palhaços e técnicas de picadeiro. Dessas atrações, oito são do Rio Grande do Sul, resultado de uma efervescência que tem se consolidado nos últimos 15 anos em cidades como Porto Alegre, Caxias do Sul e Santa Maria.
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E tudo indica que essa movimentação crescerá. No mês passado, ocorreu o Santa Maria Sesc Circo, que retornará no ano que vem. Em 2014, houve a primeira edição do Festival de Circo de Porto Alegre, que também deve ter sua segunda edição em 2016.
Assista a trecho de ensaio do Circo Girassol e depoimento do diretor Dilmar Messias:
É fato que a lona não é mais o único espaço circense. Também está nos teatros e nas calçadas. Na edição deste ano do Festival Palco Giratório, que oferece espetáculos de artes cênicas até o dia 31, as atrações ligadas ao circo serão apresentadas em palcos e na rua.
- Tenho acompanhado há muito tempo esse movimento em torno do circo no Estado. Neste ano, procuramos discutir a arte do palhaço inserida nas artes cênicas - afirma Jane Schoninger, curadora do evento.
Referência nessa área no Rio Grande do Sul, o Circo Girassol celebra 15 anos estreando três espetáculos que oferecem uma amostra da diversidade de linguagens e técnicas trabalhadas pelo grupo (leia quadro abaixo). Em sua sede, no bairro Bom Jesus, o Girassol realiza pesquisas para seus trabalhos e oferece atividades à comunidade. Sobre a evolução do grupo, o diretor Dilmar Messias observa:
- Começamos nossa trajetória engatinhando na questão da técnica circense, mas hoje temos um ótimo conceito no país. Agregamos ao nosso trabalho a música, além das técnicas circense e teatral. Então, conseguimos atingir certa liberdade criativa. O Circo Girassol pode oferecer, esteticamente, muito mais do que oferecia antes.
As comemorações de 15 anos continuarão no segundo semestre, quando o Girassol pretende erguer uma lona - provavelmente no Largo Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre - para reapresentar os espetáculos.
Mas a efervescência do movimento circense no Estado vai além da Capital. Núcleos de pesquisa em diferentes cidades deram origem a uma cena descentralizada, resultando em pesquisas originais, como a das palhaças - assim mesmo, no feminino. É o caso de Odelta Simonetti, de Caxias, que apresentará, ao lado de Ana Fuchs, o espetáculo 1, 2, 3 Echá! (dias 26 e 27):
- Antigamente, não havia a figura da palhaça. Começamos a questionar o que constituiria uma comicidade feminina. Desde criança, aprendemos a sentar de perna fechada, com o cabelo arrumado. Mas o palhaço trabalha com o ridículo de cada um. Qual é o ridículo que a mulher tenta esconder?
Para Mima Ponsi, coordenadora do Festival de Circo de Porto Alegre, a movimentação circense no Estado é algo "natural", reflexto tardio de uma renovação que começou ainda nos anos 1980, com escolas de circo no Rio e em São Paulo. Segundo ela, ainda há um caminho a percorrer:
- Os artistas no Estado atingiram certa maturidade. Temos cursos para iniciantes e para nível intermediário. Mas os que estão em nível avançado precisam sair do Estado para se aperfeiçoar ou trazer alguém de fora para ensinar. Ainda não temos uma escola de referência ou um centro de documentação.
3 X CIRCO GIRASSOL
Veja os espetáculos da companhia que estreiam nesta semana no 10º Festival Palco Giratório, sempre no Teatro Sesc Centro (Alberto Bins, 665):
Novo picadeiro
Espetáculos do Festival Palco Giratório, em Porto Alegre, reinventam a linguagem do circo
Circo Girassol, que completa 15 anos de atividade, é destaque da programação do evento
Fábio Prikladnicki
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