A maioria das bandas está bem arranjada com apenas um showman entre os integrantes. A Capitão Rodrigo tem pelo menos três. São os atores do grupo Corsários Inversos, que há sete anos resolveram combinar a vocação teatral com a música formando a banda com outros três músicos. O sexteto estreia seu maior projeto, a ópera-rock Capitão Rodrigo - A Saga de um Homem Comum, que chega junto com o álbum homônimo de 11 faixas (ouça em capitaorodrigo.com.br).
As primeiras apresentações ocorrem hoje e amanhã, às 20h, no Museu do Trabalho. Nos finais de semana seguintes, o espetáculo migra para a Praça da Matriz e para a Concha Acústica do Multipalco.
- A banda nasceu da brincadeira de tocar Cascavelletes, mas não queremos ser como eles. Queremos aproveitar que viemos do teatro e usar a nossa capacidade de contar uma história - explica um dos idealizadores do projeto, o ator e músico Rafa Cambará.
Com direção de Liane Venturella, dramaturgia de Kike Barbosa e direção musical de André Trento, o espetáculo é centrado na vida de Pompeu Homero, um anti-herói nos moldes de João do Santo Cristo, da música Faroeste Caboclo, da Legião Urbana, e de Tommy, da ópera-rock homônima do The Who. Depois de uma decepção amorosa, Pompeu se torna um justiceiro que extermina políticos corruptos e padres pedófilos. No princípio, torna-se tão popular que consegue entrar no Big Brother, mas logo perde o rumo.
Temperada com cenas de violência, drogas e sexo, a história seria pesada não fosse o bom humor dos integrantes da Capitão Rodrigo, que fazem piadas o tempo todo, deixando a tragédia com ares de comédia.
- É todo o tempo assim - comenta a produtora Ludmila Flores, ao ver o grupo fazendo brincadeiras durante o ensaio. - Eles levaram seu senso de humor para o espetáculo.
Além disso, a história é contada com batidas animadíssimas, que misturam rock e funk a ritmos brasileiros. No palco, os membros da Capitão Rodrigo se revezam, ora tocando instrumentos, ora atuando. O saxofonista Juliano Rossi é Pompeu, o guitarrista Nando Rossa é também narrador, e o gaiteiro Rafa Cambará encarna desde a namorada do protagonista até uma apresentadora de TV. Os outros integrantes, Cuba Cambará (teclado), Eduardo Schuler (bateria) e Gilberto Oliveira (baixo), não são atores, mas também entram no jogo cênico. A diretora Liane Venturella comenta o desafio de trabalhar com artistas tão diferentes:
- O músico entra em si mesmo, fecha- se no seu instrumento. É algo típico da música, mas não desse trabalho. Incentivo eles a compartilharem o máximo possível com a plateia, olharem para ela, sorrirem.
Além do teatro e da música, o espetáculo avança para outras expressões artísticas, afinal é produzido pelo Grupo Mosaico Cultural, coletivo de artistas plásticos, videomakers, cenógrafos, atores e músicos. Entre elas, estão os vídeos que serão projetados no cenário ao longo da montagem e os próprios figurinos, bastante elaborados.
Assista a um trecho da ópera-rock Capitão Rodrigo - A Saga de um Homem Comum:
CAPITÃO RODRIGO - A SAGA DE UM HOMEM COMUM
Estreia sexta-feira, às 20h, no Museu do Trabalho (Andradas, 230).
Temporada segue amanhã, às 20h (também no Museu do Trabalho), nos dias 5 e 6 de junho, às 19h (na Praça da Matriz), e nos dias 10, 11, 17 e 18 de junho, às 19h (na Concha Acústica do Multipalco/ Theatro São Pedro). Gratuito.
Preste atenção: uma hora antes do espetáculo, serão projetados curtas de animação para recepcionar o público. E, depois da apresentação, haverá discotecagem.