Desde o primeiro capítulo, quando exibiu um beijo entre o casal homoafetivo formado por duas idosas, Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro), Babilônia provoca polêmica e vê setores conservadores da sociedade bradando contra algumas das histórias que mostra. Um boicote por parte de alas ligadas a religiões evangélicas foi proposto pelas redes sociais. Se deu certo ou não é impossível saber com precisão, mas um dado ligou todos os alertas vermelhos na TV Globo e fará a novela das nove passar por algumas reformulações menos de um mês depois da estreia: a audiência está em queda.
Top 5: os maiores furos de novelas brasileiras
Globo irá transformar 12 séries de sucesso em telefilmes
É fato que, depois de Avenida Brasil (2012), o horário nobre da principal emissora do país patina em números do Ibope, mas Babilônia chegou a índices considerados muito baixos. Na estreia, cercada pela expectativa da volta de Adriana Esteves às novelas, a atração marcou 33 pontos, mas depois caiu. Chegou a alcançar 25 pontos na Grande São Paulo em alguns dias, patamar de um folhetim das sete.
Desde a apresentação da trama à imprensa, em fevereiro, os autores, Gilberto e João Ximenes Braga e Ricardo Linhares, já esperavam por uma reação conservadora de parte do público, mas disseram que manteriam a ideia original. O boicote começou pelo Facebook. Em imagens que se disseminaram, era pedido que as pessoas desligassem a TV na hora da novela. Por outro lado, a trama agradou a outros setores. Com bom elenco e trama bem elaborada, Babilônia tem sido considerada por especialistas em dramaturgia como uma novela que retoma a tradição do horário das nove.
Novo rumo a personagens centrais
Não é somente o casal homoafetivo que provocou polêmica. Outros temas delicados também são abordados por Babilônia: da promiscuidade da mulher adúltera, no caso de Beatriz (Gloria Pires), à exploração da prostituição por Murilo (Bruno Gagliasso) e à corrupção do prefeito de Jatobá, Aderbal Pimenta (Marcos Palmeira). Nas primeiras semanas de exibição, a Globo manteve decisão firme de não mudar a trama. Diante dos índices de audiência em queda, resolveu reagir. Pesquisas com grupos de telespectadores basearam algumas decisões. Outras derivaram do fato de a classificação indicativa da novela (14 anos) poder ser revista.
- A classificação do horário não permite a exploração da prostituição. Entendi as regras e sou cooperativo - explicou Ricardo Linhares, um dos autores.
Alice (Sophie Charlotte), que deveria se tornar garota de programa, teve seu destino mudado. Ela não cairá neste mundo, mesmo com todo o assédio de Murilo. Outra que passará por mudanças será Beatriz. A "pegadora" vai se apaixonar por um homem só. E as idosas Estela e Tereza? Bem, as pesquisas com o público mostraram que a história delas é aprovada, o que não agrada - e deverá ser evitado - são os beijos.
* Segundo Caderno