Não importa se é de língua, selinho, de esquimó ou na bochecha. Estalado ou silencioso, hoje é o dia dele. Neste 13 de abril, data que o mundo reservou para celebrar o beijo, GZH relembra 13 beijos marcantes da arte.
Cinema
A Dama e o Vagabundo
Um dos maiores clássicos da Disney, o filme marca o começo do romance entre as personagens caninas em uma cena de fofura quase imbatível sob a trilha de Bella Notte.
Titanic
O caso entre a jovem rica Rose (Kate Winslet) e o rapaz pobre Jack (Leonardo Di Caprio) chega ao ápice do romantismo na proa do navio.
O Segredo de Brokeback Mountain
O reencontro dos protagonistas Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennis del Mar (Heath Ledger) após quatro anos sem se ver resulta em um daqueles de tirar o fôlego.
Meu Primeiro Amor
Primeiro beijo. Precisa dizer mais?
Homem-Aranha
Uma noite de emoções fortes para Mary Jane (Kirsten Dunst). Depois de ser salva pelo super-herói interpretado por Tobey Maguire, ela descobre o início de um inusitado romance.
Casablanca
Rick Blaine (Humphrey Bogart) e Ilsa Lund (Ingrid Bergman) vivem um amor proibido e acabam separados. Mas, você sabe, eles sempre terão Paris.
Match Point
Scarlett Johansson mais Jonathan Rhys Meyers mais chuva torrencial. O beijo é só o começo.
Literatura
Romeu e Julieta, Shakespeare
"— Se minha mão profana o relicário em remissão aceito a penitência: meu lábio,
peregrino solitário, demonstrará, com sobra, reverência.
— Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos dos santos pega o paladino. Esse é o beijo mais santo e conveniente."
Dom Casmurro, Machado de Assis
"Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela rosto a rosto, mas trocados, os olhos de uma na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu.
— Levanta, Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e...
Grande foi a sensação do beijo; Capitu ergueu-se, rápida, eu recuei até à parede com uma espécie de vertigem, sem fala, os olhos escuros. Quando eles me clarearam vi que Capitu tinha os seus no chão. Não me atrevi a dizer nada; ainda que quisesse, faltava-me língua. Preso. atordoado, não achava gesto nem ímpeto que me descolasse da parede e me atirasse a ela com mil palavras cálidas e mimosas... Não mofes dos meus quinze anos, leitor precoce. Com dezessete, Des Grieux (e mais era Des Grieux) não pensava ainda na diferença dos sexos."
Artes plásticas
O Beijo, de Gustav Klimt
Os Amantes, de René Magritte
Poesia
O mundo é grande
Carlos Drummond de Andrade
O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.
Um Beijo
Vinicius de Moraes
Um minuto o nosso beijo
Um só minuto; no entanto
Nesse minuto de beijo
Quantos segundos de espanto!
Quantas mães e esposas loucas
Pelo drama de um momento
Quantos milhares de bocas
Uivando de sofrimento!
Quantas crianças nascendo
Para morrer em seguida
Quanta carne se rompendo
Quanta morte pela vida!
Quantos adeuses efêmeros
Tornados o último adeus
Quantas tíbias, quantos fêmures
Quanta loucura de Deus!
Que mundo de mal-amadas
Com as esperanças perdidas
Que cardume de afogadas
Que pomar de suicidas!
Que mar de entranhas correndo
De corpos desfalecidos
Que choque de trens horrendo
Quantos mortos e feridos!
Que dízima de doentes
Recebendo a extrema-unção
Quanto sangue derramado
Dentro do meu coração!
Quanto cadáver sozinho
Em mesa de necrotério
Quanta morte sem carinho
Quanto canhenho funéreo!
Que plantel de prisioneiros
Tendo as unhas arrancadas
Quantos beijos derradeiros
Quantos mortos nas estradas!
Que safra de uxoricidas
A bala, a punhal, a mão
Quantas mulheres batidas
Quantos dentes pelo chão!
Que monte de nascituros
Atirados nos baldios
Quantos fetos nos monturos
Quanta placenta nos rios!
Quantos mortos pela frente
Quantos mortos à traição
Quantos mortos de repente
Quantos mortos sem razão!
Quanto câncer sub-reptício
Cujo amanhã será tarde
Quanta tara, quanto vício
Quanto enfarte do miocárdio
Quanto medo, quanto pranto
Quanta paixão, quanto luto!...
Tudo isso pelo encanto
Desse beijo de um minuto:
Desse beijo de um minuto
Mas que cria, em seu transporte
De um minuto, a eternidade
E a vida, de tanta morte.