Quarenta anos atrás, assisti a Viva o Cordão Encarnado, espetáculo com o qual duas jovens atrizes, Elba Ramalho e Tânia Alves, lançavam-se também à carreira de cantoras. O Teatro Brigitte Blair, um pulgueiro incrustado na Copacabana carioca, tinha um ar decadente de dar dó. Na bilheteria às moscas, chegaram só mais dois casais. Os homens vestiam roupais normais. As mulheres, porém, estavam produzidas como se fossem a uma noite de gala no Carnegie Hall. O Rui não aprovaria. Prestei atenção à conversa do quarteto. Gaúchos em férias, queriam ver teatro, coisa que não faziam aqui porque "em Porto Alegre não havia bom teatro". Elba e Tânia fizeram o espetáculo como se não houvesse amanhã. O quarteto saiu se coçando e falando mal da sala, eu fui cumprimentar as atrizes. Esse episódio me veio à memória ao ouvir Do Meu Olhar pra Fora, excelente novo disco de Elba, de quem continuo fã.
Coluna
Luciano Alabarse: Fantasma de si mesmo
O colunista escreve quinzenalmente no 2º Caderno