O uruguaio Jorge Drexler apresenta o show de seu mais recente disco, Bailar en la Cueva (2014), nesta sexta, às 20h, no Opinião - os ingressos estão esgotados.
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De Guadalajara, onde estava em turnê, o músico falou por telefone para o 2º Caderno sobre a fase menos cerebral e mais dançante de sua carreira. Mesmo morando fora do Uruguai há 20 anos, ele também opinou sobre a política do país.
Confira:
Como reproduzir no palco um disco com tantas sonoridades diferentes como Bailar en La Cueva?
Para mim, é sempre muito diferente a experiência do palco e do disco. Quando levo um disco ao palco, não tento reproduzi-lo exatamente como é. Busco aproveitar os elementos que tenho no momento. De qualquer forma, o show que levaremos a Porto Alegre tem todos os músicos do disco, e também estão presentes o som dos ventos, da percussão, da base rítmica com a qual o álbum foi feito. É um espetáculo muito expansivo, com muitas músicas do disco e outras mais antigas, mas com nova sonoridade.
Em Princesa Bacana, de 1999, você fala sobre sexo e maconha, referências que não aparecem nas suas canções mais recentes. Com o tempo, você ficou mais comportado?
Pelo contrário, fiquei mais descomportado com o tempo. Acho que hoje, aos 50 anos, tenho mais liberdade mental do que quando tinha aos 25. Eu era claramente mais conservador do que hoje. Fiz um processo de questionamento pessoal sempre na direção da liberdade. Este disco de agora é o meu álbum mais corporal, feito para o corpo. Quando você chega aos 50, compreende perfeitamente a finitude do corpo. Ao invés de entrar na prudência, entrei na celebração do corpo. Meu mestre mais importante nessa área é o Caetano Veloso. Conforme o tempo passa, ele fica cada vez mais jovem musicalmente, sempre se arriscando, buscando não se acomodar. Adoro essa atitude artística do Caetano. É um dos melhores exemplos.
Por conta de uma parceira entre produtora e prefeitura, seu show entrou no calendário de comemorações do aniversário de Porto Alegre. Como é sua relação com a cidade?
Eu me sinto muito em casa em Porto Alegre. É uma das cidades do mundo onde me sinto mais querido. As pessoas têm um carinho muito grande com a música feita por mim e por colegas da minha região, o que sempre me emociona. Conheço muito bem o Opinião, onde passei algumas noite maravilhosas. Foi lá que vi o espetáculo O Maestro, o Malandro e o Poeta, que tocava Jobim, Buarque e Vinicius de Moraes. É um lugar que me encanta. Para nós, também será uma noite muito emocionante porque este será um dos dois últimos shows que faremos depois de quase 90 apresentações de uma turnê em um ano. É nossa despedida da banda.
Além dos músicos, o Uruguai também tem políticos famosos. O presidente José Mujica é admirado por muitos brasileiros. Qual é sua opinião sobre ele?
Mujica me encanta. Deixou o Uruguai em um nível de apreciação no mundo inédito. Além disso, estabeleceu um modo de ser e de fazer política que deixará uma marca muito profunda na política latino-americana e mundial. Há gente da Espanha e de muitos outros países que o idolatra por ter dito coisas simples, como que a política é uma profissão de entrega, e não uma profissão para enriquecer. E sobretudo é alguém que ensina pelo exemplo. Também estou contente que agora venha Tabaré (Vázquez). Uruguai já está há 10 anos muito bem politicamente. Há ainda muito por fazer, como resolver questões de moradia e de segurança, mas o país está em um bom momento.
Show
"Fiquei mais descomportado com o tempo", diz Jorge Drexler
Com ingressos esgotados, músico uruguaio apresenta nesta sexta, no Opinião, o novo "Bailar en la Cueva"
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