Indicar um clássico, celebrado por críticos e leitores ao longo do tempo, é um caminho fácil para quem quer apontar uma boa leitura. Mas há aqueles que se arriscam na indicação de autores que os anos ainda não se encarregaram de julgar, como se vê em Por que Ler os Contemporâneos? Autores que Escrevem o Século 21.
No livro, 101 escritores, acadêmicos e outros apaixonados por literatura resenham autores com obras lançadas nas últimas décadas. A sessão de autógrafos ocorre nesta sexta-feira, às 18h30min, na Saraiva do Moinhos Shopping.
O projeto foi desenvolvido pela professora Léa Masina, pelo editor Rodrigo Rosp e pelos escritores Daniela Langer e Rafael Bán Jacobsen. O grupo selecionou autores citados com frequência no meio literário e em críticas de jornais, revistas e internet. Para cada nome selecionado, um resenhista era escolhido por afinidade.
- São pessoas escrevendo sobre o que gostam - afirma Léa Masina.
Entre os convidados, estão autores como Cíntia Lacroix, Cíntia Moscovich, Daniel Galera e Luisa Geisler; além de acadêmicos como Donaldo Schüler e Helena Tornquist. Confira trechos de quatro dicas de leitura:
Daniel Galera indica David Foster Wallace, romancista, contista e ensaísta americano, morto em 2008.
Por que ler: "Seus contos, romances, ensaios e reportagens uniram o virtuosismo técnico e o experimentalismo formal a uma visão compassiva, implacável e bem-humorada da vida contemporânea, resultando numa escrita ao mesmo tempo exigente e calorosa. O suicídio de Wallace, em 2008, aos 46 anos, causou grande comoção entre seus leitores, motivou dúzias de elegias lamentando a interrupção precoce de seus talentos e consolidou a figura de gênio atormentado, cujo ícone é a bandana que usava amarrada na cabeça."
Top 5: The Broom of the System (1987), Infinite Jest (1996), Breves Entrevistas com Homens Hediondos (1999), Oblivion (2004), The Pale King (2011).
Daniel Galera é autor de títulos como Barba Ensopada de Sangue, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura de 2013.
Cíntia Lacroix indica Laura Restrepo, jornalista e romancista colombiana, 64 anos.
Por que ler: "Notabiliza-se por uma produção literária que assume enraizar-se na realidade sociopolítica do continente. É no subterrâneo das ditaduras militares, do narcotráfico, do contrabando que a autora vai buscar a seiva alimentadora de suas histórias, socorrendo-se, para tanto, da veia investigativa que norteou a sua atividade como jornalista. Em nenhum momento, porém, o texto cai na armadilha do denuncismo, tampouco se vislumbra que a ficção escorregue para a reportagem."
Top 4: Doce Companhia (1995), A Noiva Escura (1999), Delírio (2004), e Heróis Demais (2009).
Cíntia Lacroix é autora dos romances Sanga Menor (2009) e Tarantata (2014).
Helena Tornquist indica João Gilberto Noll, contista e romancista brasileiro, 68 anos.
Por que ler: "Em Solidão Continental, consolida-se o que Noll vinha construindo no campo ficcional. Desde Berkeley em Bellagio, mas de modo especial em Acenos e Afagos, o narrador é um ser em peregrinação permanente a desbravar o universo, mas, como personagem da modernidade, tornou-se um sujeito em crise existencial, um nômade a percorrer o espaço em busca de sua própria identidade e do sentido de viver, diferente da clássica trajetória do herói épico."
Top 5: Berkeley em Bellagio (2002), A Máquina de Ser (2006), Acenos e Afagos (2008), Anjo das Ondas (2010), Solidão Continental (2012).
Helena Tornquist é professora de pós-graduação em literatura da UFSC.
Luisa Geisler indica Javier Cercas, romancista espanhol, 52 anos.
Por que ler: "É um escritor de talento raro, de olhar original sobre o mundo contemporâneo, visto como um dos autores mais significativos da 'nova geração' de autores espanhóis. Suas investidas nos terrenos conhecidos, sejam da história ou sejam da ficção, sempre acabam perfurando tudo o que há de profundo no humano, seja ele a própria humanidade ou a linguagem. O resultado é uma literatura de voz própria, forte o suficiente para perfurar, na linguagem, o que tem a dizer."
Top 5: O Motivo (1984), Soldados de Salamina (2001), A Velocidade da Luz (2005), Anatomia de um Instante (2009) e As Leis da Fronteira (2012).
Luisa Geisler é autora de Contos de Mentira (2011), Quiçá (2012) e Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente (2014).
Por que ler os contemporâneos?
Vários autores
Organização de Léa Masina, Daniela Langer, Rafael Bán Jacobsen e Rodrigo Rosp
Crítica literária, Dublinense, 224 páginas, R$ 37,90