Em primeiro lugar, queria compartilhar com os meus leitores uma descoberta que me deixou estupefato (sempre quis usar essa palavra, mas e a oportunidade?). Esta coluna tem leitores! E eles a leem!
Tudo começou quando a coluna disse que Pomp and Circumstance era de John Philip Sousa, o que sussurrava a minha memória e com o que achei que o Google havia concordado. Ledo engano, e foram milhares de e-mails esclarecedores, vindos de todos os rincões da galáxia (galáxia = Rio Grande do Sul). Em bom português: foi mal.
Indo em frente, porque os erros nos fortalecem, acabei de ver a primeira temporada de Silicon Valley, a comédia semi-seinfeldiana com que a HBO nos brinda. O Vale do Silício é uma das regiões da alta tecnologia dos nossos tempos, lugares onde ideias brotam e germinam nos canteiros dos parques e projetos se transformam em produtos antes que alguém se lembre de provar que eles são inviáveis. O Vale também é o território dos novos sonhos californianos. Onde antes havia Hollywood, agora é Facebook.
Silicon Valley mostra o universo fabricante de bilionários imberbes das novas tecnologias, onde uma ideia na cabeça e alguém disposto a pagar por ela movem os moinhos do capitalismo pós-industrial. Jovens que ainda não sabem para que lado fica um orgasmo feminino desenvolvem de forma ininterrupta novos paradigmas de interlocução virtual, tentando faturar alto enquanto alegam estar melhorando, ora bolas, o mundo.
A série pega leve com esse pessoal disfuncional, um pequeno Steve Jobs dentro de cada um deles, ao menos em sonho. A série tira sarro sem denunciar, porque, afinal, com toda a maluquice inerente ao sistema, apesar de toda a juvenilização desse mundo sem reflexões, ele produz, rende, e, sim, transforma a nossa vida contemporânea, mesmo que nem sempre para melhor.
Silicon Valley brinca com uns jovens desmiolados e tecnologicamente talentosos, que tentam se achar nas profundezas do Vale. O programa mais nos diverte do que mostra, mais faz piada do que explica e nisso, neste jeito, ora vejam, querendo ou nem tanto, acaba por explicar. Vejam.