Um amigo pergunta, informalmente, por que temos de chamar as relações entre a Europa e a África de euro-africanas e não de afro-europeias. Respondo, também informalmente, que ambas são válidas (e bastante empregadas); a ordem, aqui, é apenas uma questão de ponto de vista, já que nossa língua não determina quem virá antes ou depois nos compostos formados por dois adjetivos gentílicos. A aliança entre a Alemanha e o Japão poderia ser denominada de nipo-germânica, ou nipo-alemã, ou teuto-nipônica, ou teuto-japonesa. Nos compostos mais antigos, o primeiro membro, que vem reduzido, é de origem latina (teuto, anglo, sino, franco, por exemplo, vêm do Latim teutoni, anglus, sinae, francus); para brasileiro, já se experimentou braso, brasílio e brasílico, certamente por analogia, mas seu emprego não passou de tentativas isoladas; a tendência atual é formar esses compostos com ambos os elementos intactos (amizade brasileiro-paraguaia, relações cubano-soviéticas).
O Prazer das Palavras
Cláudio Moreno: O luso-argentino
"Não costumo rir das loucuras alheias (já que com as minhas eu procuro conviver em certa paz), mas desta vez, confesso, achei tão divertido que resolvi publicar"