Premê, para os íntimos, o Premeditando o Breque sobe hoje ao mesmo palco de uma de suas antológicas apresentações em Porto Alegre, em 1985, o Salão de Atos da UFRGS.
O show, marcado para as 21h, faz parte da série Concertos Populares, conduzida pelo maestro Tiago Flores à frente da Orquestra de Câmara da Ulbra. Os ingressos podem ser adquiridos na troca por dois quilos de alimentos não perecíveis.
Grupo musical germinado no final dos anos 1970 na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), o Premeditando o Breque despontou na leva de artistas identificados com a chamada Vanguarda Paulistana. Formado por músicos talentosos, o grupo lançou com humor e irreverência composições bastante ecléticas em gênero, do samba de breque ao pop, das marchinhas ao rock psicodélico, nas quais falavam de banalidades do dia a dia.
- Nossos patronos foram Jimi Hendrix e Adoniran Barbosa - diz Marcelo Galbetti, um dos quatro remanescentes da formação original do Premê, com Wandi Doratiotto, Mário Manga e Claus Petersen. - Nunca existiu um movimento organizado, essa vanguarda foi um rótulo que surgiu para enquadrar artistas que costumavam se apresentar no teatro Lira Paulistana. Éramos amigos, muitos de nós estudamos na ECA. O (Grupo) Rumo e Arrigo Barnabé trabalhavam muito com a palavra, tinha o suingue do Itamar Assumpção, mas a praia do Premê era a da crônica musical do cotidiano.
O primeiro disco, batizado apenas com o nome do grupo, foi lançado em 1981 e apresentou hits como a Feijoada Total ("Mataram o Luis Fernando", assim começava a trágica saga do porquinho), Marcha da Kombi ("Eu economizei (mizei) / Comprei, comprei, comprei / Uma kombi meia 6 de um japonês") e Fim de Semana ("Era um domingão / Tinha muito sol / Meu avô na frente / Minha vó atrás/ O rádio a mil/ que legal"). Com agenda de shows lotada e presença no circuito de festivais musicais que voltavam a ficar populares no Brasil, o Premê passou pelo Estado nessa época, com apresentações que foram da plateia pequena e animada do auditório do Colégio Rosário à multidão acampada nos Pavilhões da Festa da Uva, em Caxias do Sul, para o festival Cio da Terra, o "Woodstock gaúcho", em1982.
O Premê lançou na sequência os discos Quase Lindo (1983) - com São Paulo, São Paulo, divertida paródia de New York, New York -, O Melhor dos Iguais (1985) e Grande Coisa (1986). Deu um tempo e voltou com Alegria dos Homens (1991) e um disco ao vivo (1996). Desde então, as reuniões do grupo são esporádicas.
- O Premê nos deu muito prestígio, mas este sucesso cobrou um preço, que foi o de não ganhar dinheiro - brinca Galbetti. - Aos poucos, fomos nos dedicando a projetos pessoais. Mas estamos retomando uma agenda de shows. Sempre tivemos uma afinidade muito grande com o Rio Grande do Sul. Essa apresentação surgiu por sugestão de um amigo que intermediou o contato com a Dana (patrocinadora do projeto Concertos Populares com Orquestra) e o Tiago (Flores).
Canções como as citadas e Pinga com Limão e Balão Trágico ganharam arranjos para orquestra assinados por Arthur de Faria, Pedro Figueiredo, Iuri Correa, Arthur Barbosa, Alexandre Ostrowski, Daniel Wolff e Rodrigo Bustamante.
- Só não conseguimos encaixar no repertório a Feijoada... - conta Galbetti, referindo-se à viajandona e inventiva saga do pobre Luis Fernando, aquele porco joia.
Premeditando o Breque
Sábado, às 21h.
Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110), fone (51) 3308-3058.
Onde estacionar: na área da reitoria com entrada pela Sarmento Leite, a R$ 10.
O show: o grupo musical paulista faz a releitura de suas canções acompanhado pela Orquestra de Câmara da Ulbra, com regência do maestro Tiago Flores.
Ingressos: dois quilos de alimentos não perecíveis, que serão doados para o banco de alimentos de Gravataí. A troca pelo ingresso pode ser efetuada na bilheteria do Salão de Atos da UFRGS, das 14h até o horário do espetáculo, enquanto houver lugar disponível.