Se você nunca ouviu falar em história ambiental, chegou a oportunidade de conhecer um pouco desse novo campo de pesquisas. A partir das 17h desta quinta-feira, na Praça de Autógrafos da Feira, a historiadora Elenita Malta Pereira autografa a obra Roessler - O Homem que Amava a Natureza.
Fruto da dissertação de Mestrado da autora, defendida em 2011 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o livro reconstrói a trajetória de Henrique Luiz Roessler, fundador da primeira ONG ambientalista do Estado.
Zero Hora - Por que você decidiu escrever sobre esse tema e personagem?
Elenita Malta Pereira - Porque, pesquisando sobre ambientalismo ainda na graduação, encontrei a figura de Roessler, que é patrono da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). Ao ler seus textos, escritos nos anos 1950, fiquei impressionada com a atualidade de suas ideias, e surgiu a vontade de pesquisar mais a fundo sua vida, tão interessante. Ainda não havia biografia histórica sobre ele, então me lancei à tarefa.
ZH - Ele pode ser considerado precursor do ambientalismo gaúcho? Por quê?
Elenita - Sim, na medida em que suas palavras e ações conscientizaram muitas pessoas sobre os problemas ambientais de seu tempo. Roessler fundou a primeira entidade ambientalista do Estado, a União Protetora da Natureza (UPN), ainda em 1955. E, mesmo que atuasse praticamente sozinho, os textos que publicava na imprensa acabaram inspirando muitos que se tornariam ambientalistas nos anos 1970, como Augusto Carneiro.
ZH - De que forma ele atuava?
Elenita - Nos anos 1930 a 50, Roessler fiscalizava as infrações aos Códigos Florestal, de Caça e de Pesca. Autuava desmatadores e caçadores ilegais, especialmente de passarinhos e, por isso, envolveu-se em diversos conflitos. Pela UPN, que funcionou até 1963, dava palestras em escolas, distribuía panfletos educativos e publicava crônicas jornalísticas. Muitas de suas ideias se mantêm atuais, como a crítica ao desmatamento, às queimadas, aos pesticidas e à contaminação das águas.