Altair Martins recebeu nos últimos anos inúmeros prêmios literários. Seu livro Enquanto Água foi finalista do Prêmio Jabuti 2012 na categoria contos e crônicas, venceu o Açorianos também em 2012 na categoria contos e o Prêmio Moacyr Scliar 2013. Nesta Feira, o professor e escritor ministra a oficina "O que esperar de um romance?", que começa hoje, às 19h, na Sala O Retrato do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo. No dia 16, ele autografa, junto com Rodrigo Cambará, Dicionário Amoroso de Porto Alegre.
Zero Hora - A propósito do título de sua oficina, o que você espera de um romance?
Altair Martins - Já esperamos que o romance pudesse traduzir o modo de existir das burguesias ocidentais, que denunciasse a realidade social estranha ao leitor, que propusesse uma viagem sensitiva por realidades distintas. Mas hoje, creio, resta ao romance rasurar a pretensa realidade, mostrando o que o redemoinho midiático não mostra. O romance atual deve provocar uma ruptura, uma quebra no ritmo frenético como as coisas se movem ao nosso redor. Não há romance sem que seu espaço seja o de resistência.
ZH - Como surgiu a ideia de publicar em uma editora baiana um dicionário amoroso sobre Porto Alegre?
Martins - Foi um convite da editora Casarão do Verbo. Em verdade, não se trata de um projeto de editora baiana sobre Porto Alegre: haverá vários dicionários abarcando todas as cidades da Copa, seguindo um modelo, que foi o Dicionário Amoroso da França. Porto Alegre saiu na frente, com apresentação de Curitiba. E, olha, o trabalho ficou bonito - texto e ilustração (do Rodrigo Cambará) dão uma boa ideia, subjetiva, claro, do que é a cidade. Os verbetes, de "Aeromóvel" e "Andradas" a "Zé da Folha" e "Zona Sul", me levaram a redescobrir o lugar onde nasci.
ZH - Qual é o verbete obrigatório de seu dicionário amoroso?
Martins - Os textos são leves, e há vários verbetes interessantes, como o "Pôr do sol" e o "Guaíba". Falo também de pessoas, Elis Regina, Jorge Furtado, comidas, uma costela assada, e outras coisas mais. Porém acredito que os porto-alegrenses se identifiquem - por discórdia, inclusive - com o verbete "Do contra", que traz um pouco do nosso esporte preferido: encontrar um outro lado para fincar o pé e fazer beicinho.