Para tornar real um evento como a Jornada, é preciso não apenas perseverança, mas um temperamento obstinado como o de sua organizadora, Tânia Rösing.
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O que só torna mais preocupante a veemência com que ela declarou em mais um momento este ano sobre o quando esta 15ª edição da Jornada foi uma das mais difíceis de organizar desde a origem do projeto, há 32 anos.
- Nunca foi tão difícil competir com a Copa - lamentou Tânia, ao contar que muitos dos patrocinadores com os quais a edição deste ano contava retraíram-se porque haviam comprometido seus cronogramas e orçamento para a Copa das Confederações.
E é aí que está a razão do adjetivo "preocupante". Porque se um projeto de três décadas, elogiado por participantes Brasil afora e com resultados aparentes também tem de andar com o pires na mão, fica a dúvida sobre qual projeto de formação de leitores está em andamento. O próprio secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), José Castilho Marques Neto, presente nos primeiros dias de jornada, apresentou um dado alarmante: apenas 26% dos brasileiros têm capacidade plena de ler, entender e interpretar um texto.
Mesmo com índices de leitura por habitante crescentes em Passo Fundo a cada pesquisa da Câmara Brasileira do Livro, o fato é que a Jornada precisou lidar com a falta de grana e se reinventar. Saiu a lona do circo, veio o pavilhão branco, mais barato - e que não deixou de estar lotado. Quando alguns debates na tenda principal pareciam enveredar para um caminho excessivamente técnico - como o que reuniu Cezal Coll, J.A. Furtado, Massimo Canevacci e Nelson Pretto - uma multidão lotava a faceta mais pop do evento, as sessões da JorNight, uma adesão recente à programação. Prova de que a Jornada tem sabido buscar novos caminhos.
O número de inscritos para o evento passou de 20 mil, em 2011, para 28 mil em 2013, mesmo com a ausência de nomes internacionais com apelo para além do público especializado. E não deixa de ser injusto avaliar a Jornada apenas pela programação de seus cinco dias em agosto, uma vez que a iniciativa se desenvolve também antes, com leituras preparatórias em escolas da região, incluindo a visita mensal de autores. É como disse Miguel Sanches Neto, convidado da Jornadinha:
- O diferencial da Jornada é que ela acontece principalmente antes e depois, evidenciando um compromisso com a formação do leitor e com as escolas.
Nas Jornadas futuras, que continue sendo assim.
Encerramento
A 15ª Jornada Nacional de Literatura precisou driblar a falta de recursos e se reiventar
A organizadora do evento, Tânia Rösing, diz que a edição deste ano precisou competir com a Copa do Mundo para conseguir patrocínio
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