Temos falado muito sobre esse assunto por aqui e acabamos gerando uma discussão necessária. Nos últimos dias, frequentei como apresentadora mais dois eventos - além da Coxilha Nativista que já comentei nesta coluna, o Canto Missioneiro e a Moenda da Canção.
O primeiro, realizado em Santo Ângelo, ainda dá os passos iniciais na sua sexta edição com perfil completamente estabelecido: resgatar a cultura da região missioneira. O segundo, realizado em Santo Antônio da Patrulha, já ocorre há 27 anos. Nascida "da Canção Nativa", a Moenda ficou apenas "da Canção" quando percebeu que sua temática ia além das composições nativas do Rio Grande do Sul. Há muitos anos, recebe artistas de vários estados brasileiros, ao mesmo tempo em que presenciou momentos muito ligados ao "campeirismo" gaúcho. O mais marcante - e que ainda emociona por lá - tem José Cláudio Machado no palco cantando Milonga Abaixo de Mau Tempo, de Mauro Moraes.
O festival se propõe ao diverso, ao eclético, a ser um mosaico de música brasileira boa, daqui e de outros lados. Neste ano dei-me por conta que há músicos e compositores que só encontro na Moenda. E isso é diferente!
Percebi que os patrulhenses, em busca da manutenção do seu evento, têm tomado atitudes interessantes. Uma delas é entregar as rédeas à juventude: os jovens que cresceram assistindo ao festival na plateia com seus pais são agora os "moendeiros" no comando. Estão tocando o festival com novas ideias, sem perder a essência.
O fato é que não sabemos o exato caminho para retomar a força desse palco tão importante e democrático que é o festival de música, movimento ainda presente no nosso Estado. E toda a ideia é bem-vinda.
A "fórmula" da Moenda pode ser uma rota a seguir: um festival comandado pela juventude, com suas ânsias e ideias; músicas que retratam diversidade de estilos; a iniciativa de um festival instrumental (há três anos ocorre essa categoria) e de shows que contemplam todos os gostos e idades (neste ano, Armandinho, Os Fagundes e Erasmo Carlos). Pode haver controvérsias, uns gostarem mais, outros menos.
Não sei, realmente, se quem vai ver Armandinho está interessado em assistir ao festival, mas será que, "sem querer", não ouve a música?
O fato é que o festival teve êxito. Foi irretocável. E que eu queria mais"Moendas" no Rio Grande!