Morreu na última sexta-feira o maestro norte-americano James DePreist, de 76 anos. Poeta e regente, foi um pioneiro e uma figura exemplar de superação. Nascido na Filadélfia, em 1936, ele foi um dos primeiros negros regentes negros da música de concerto americana - algo ainda raro até hoje. Ele também era paraplégico devido a uma poliomielite contraída em 1962, e regia orquestras de cima de uma cadeira de rodas motorizada. O maestro faleceu em decorrência de sequelas de um ataque cardíaco sofrido em março do ano passado e do qual nunca se recuperou completamente. Ele deixa a esposa Ginette dePreist.
DePreist estudou composição no Conservatório da Filadélfia com Vincent Persichetti - que também foi professor de Philip Glass e Leo Bruwer, entre outros. Formado e pós-graduado em música pela Universidade da Pensilvânia, DePreist era sobrinho de Marian Anderson, contralto negra pioneira, cuja performance em um concerto de páscoa em 1939 nos degraus do Memorial a Lincoln, em Washington, é considerado um marco na história do país. DePreist sempre se referiu à tia como uma influência na escolha da carreira e como um modelo de vida.
DePreist contraiu pólio na Tailândia, durante uma turnê artística patrocinada pelo Departamento de Estado americano. Foi na mesma viagem que, convidado a reger um ensaio com a FIlarmônica de Bangkok, DePreist, que até então atuava com um quinteto de jazz, despertou para as possibilidades da regência sinfônica. De volta aos Estados Unidos, mesmo paralisado pelas sequelas da doença, venceu, em 1964, o prestigioso concurso de internacional de regência Dimitri Mitropoulos. No ano seguinte, tornou-se, a convite de Leonard Bernstein, maestro assistente na Filarmônica de Nova York.
Daí em diante, tornou-se um regente requisitado e aclamado. Gravou mais de 50 discos, entre eles uma elogiada série de interpretações de Shostakovich, com a Filarmônica de Helsinque. Foi também diretor musical da Sinfônica do Oregon entre 1980 e 2003 - período em que elevou a orquestra a uma referência nacional americana. Ele era atualmente diretor emérito da Orquestra e da cátedra de Estudos de Regência e Orquestra na famosa Jullliard School, uma das mais tradicionais escolas americanas. Recebeu também 14 títulos de doutor honoris causa em países como Finlândia e Japão. Menos conhecida é sua carreira literária. Ele publicou dois livros de poesia, This Precipice Garden e The Distant Siren.