O cantor, compositor e violonista Pedro Ortaça, 81 anos, foi escolhido como a patrono dos Festejos Farroupilhas de 2024. Nascido em 29 de junho de 1942, o cantor é natural de São Luiz Gonzaga, nas Missões. Ortaça imortalizou seu nome no cancioneiro gaúcho com Timbre de Galo, Bailanta do Tibúrcio, Queixo Duro, entre outros. Ele é o último Tronco Missioneiro – identificação que inclui Noel Guarany (1941-1998), Cenair Maicá (1947-1989) e Jayme Caetano Braun (1924- 1999) –, composto por artistas que forjaram uma nova identidade na música regionalista, trazendo críticas sociais e valorizando a história do Rio Grande do Sul.
– Achamos que, quanto mais rica fosse a música, mais penetração ela teria no Brasil e fora dele. Aqui nas Missões se formou o Rio Grande do Sul. Viemos de uma raça que não se entrega por nada. O músico não deve cantar só flores, mas também a realidade de seu povo – justificou Ortaça, em reportagem de Zero Hora, em 2015.
E o tema dos Festejos Farroupilhas é em homenagem ao também missioneiro Jayme Caetano Braun, pelo seu centenário celebrado em janeiro deste ano. Conforme a Secretaria de Estado da Cultura, Jayme compôs diversas pajadas, poemas e canções durante sua carreira, “destacando o Rio Grande do Sul, a vida campeira, os modos, saberes e práticas do sul gaúcho e do gaúcho sul-rio-grandense, bem como a natureza peculiar da região missioneira do Estado”.
O missioneiro conversou com GZH e compartilhou o sentimento de receber esta homenagem.
GZH – Como é o sentimento de receber esse convite para patrono dos Festejos Farroupilhas?
Pedro Ortaça – Eu não esperava. Recebi um telefonema, dizendo que eu tinha sido escolhido como patrono dos Festejos Farroupilhas. Perguntaram se eu aceitaria e eu pensei pouquinho e, claro, aceitei com satisfação e alegria por saber que uma comissão tão importante como essa escolheu esse missioneiro aqui.
GZH– O que achou do tema dos festejos deste ano, em homenagem ao centenário de um dos teus amigos?
Pedro Ortaça – Jayme Caetano Braun, grande pajador da América Latina. Meu amigo, sempre fomos. O centenário do nascimento é uma data a comemorar. Ele deixou suas obras maravilhosas para todas as gerações, da sua época e as futuras. E ele tem uma grande contribuição, nós tivemos, na tradição e na cultura do Rio Grande do Sul. A gente preserva o que é nosso e o culto a tradição que sempre fizemos, nas nossas músicas que estão por aí consagradas, graças a Deus.
GZH – Como é tua história com os festejos de setembro? Costumava a ter uma agenda específica?
Pedro Ortaça – Era com muitas apresentações, muitas vezes nas estradas. Isso nos orgulha porque a recepção é grande em todos os lugares que andamos e cada vez mais. Continuam nos convocando e pedindo a nossa ida nas regiões para cantar a nossa terra. Isso para mim é o mais importante: cantar a sua terra, sua gente e a sua cultura, que é o Rio Grande do Sul.
GZH – Qual é a expectativa para esse ano enquanto patrono?
Pedro Ortaça – Tenho que me organizar. Talvez ir a Porto Alegre para participar com os amigos dos Festejos Farroupilhas. Eu estou me preparando fisicamente, pois com 81 anos já não tem mais aquele pique para a caminhada que a gente sempre fez. Que eu fiz em todo Brasil e fora dele, na Argentina e no Paraguai também. Agora é mais devagar, mas com vontade de encontrar aqueles que gostam da nossa música e que cultuam como eu as coisas da nossa terra.