Após passar por Porto Alegre com a turnê que marcou a despedida do Skank, Samuel Rosa volta à Capital neste domingo (3), a partir das 17h, para uma apresentação no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia). O retorno não poderia ser mais representativo da fase artística vivida atualmente pelo músico — carreira solo, acompanhado de uma banda de apoio. Samuel Rosa, que nunca escondeu seu desejo de explorar novas possibilidades musicais após a dispersão do Skank, irá se apresentar para o público porto-alegrense ao lado da Orquestra Simjazz, sob regência do maestro Edu Martins. O evento é gratuito e integra o projeto Vivo Música.
— O momento agora é de reestruturação, de novos caminhos, de nascimento. Outro grupo, outra banda, outro jeito de funcionar — diz Samuel Rosa, animado com a nova etapa. — Tenho pensado muito em músicas novas, tendo em vista o novo disco que pretendo lançar. Algumas coisas eu já compus, mas desejo também novas parcerias. Qualquer oportunidade de fazer algo diferente tem me deixado entusiasmado.
A abertura do evento deste domingo ficará a cargo da banda gaúcha Yangos. Com formação composta por piano, percussão, acordeom e violão, o grupo faz uma mistura de jazz e ritmos regionalistas como a milonga e o chamamé.
Após o show de abertura, a Orquestra Simjazz apresentará um repertório de canções da música popular brasileira, também com arranjos jazzísticos. Serão executadas obras seminais como Palco, de Gilberto Gil, e Maria, Maria, de Milton Nascimento e Fernando Brant. Samuel Rosa se juntará aos músicos em seguida.
Rosa começará acompanhado pela orquestra, mas também terá um momento reservado para tocar somente com sua banda atual. Para o fechamento do espetáculo, ele e sua banda voltam a encontrar a orquestra.
O repertório deve incorporar covers de artistas caros ao músico, os maiores clássicos do Skank e também canções gravadas por Rosa que não costumavam entrar nas setlists da banda.
— São canções como Lourinha Bombril, que gravei com os Paralamas do Sucesso; Tarde Vazia, gravada com o Ira!; e Girassol da Cor do Seu Cabelo, que gravei com o Lô Borges — elenca Rosa. — É claro que também irei cantar Resposta, Dois Rios, Vou Deixar, Ainda Gosto Dela... Enfim, todas essas músicas que eu fiz e não pretendo abandonar, que são eternas.
O músico considera que o público do Rio Grande do Sul foi elemento fundamental para ajudar a eternizar as canções do Skank. Por conta disso, celebra a possibilidade de vir a Porto Alegre mais uma vez neste ano:
— Um dos pilares da carreira do Skank é o Rio Grande do Sul, um Estado de efervescência no meio do pop rock. Não lembro de outro Estado brasileiro onde a gente tenha tantos amigos músicos como aí, por exemplo. Retornar, então, é muito instigante. Ainda mais sendo para tocar em praça pública, com um show gratuito, algo que eu adoro fazer.
Samuel Rosa aproveita o gancho para destacar a importância de iniciativas como o espetáculo deste domingo, que mirem na democratização do acesso à cultura.
— Um país precisa de cultura — defende. — Cultura é essencial, por mais que alguns, infelizmente, ainda pensem que não. No Brasil, a gente tem um legado cultural riquíssimo, um dos mais ricos do mundo. Isso tem de ser preservado e estimulado.
Próximos passos
Em 2024, o ex-Skank planeja lançar um novo disco para marcar oficialmente a entrada em carreira solo. O projeto era idealizado para 2023, mas foi adiado devido às demandas de shows.
— Foi algo que me surpreendeu. Não achei que já teria tantos shows para fazer — confessa o músico, grato pela boa fase.
Sobre os próximos caminhos a serem trilhados, Rosa diz que o destino é incerto. Nunca gostou de se rotular — e agora muito menos. O músico diz estar aberto para experimentar gêneros, sonoridades e parcerias, ansioso por descobrir novas variantes de si.
— A minha formação musical é híbrida. Não vou cravar nada para o futuro. Como diz um amigo meu: quem gosta de linha é trem e papagaio. Eu não tenho uma linha definida, eu quero liberdade. Estou pronto para coisas novas — diz ele, defendendo que o próprio Skank também adotava uma identidade musical fluida. — O Skank nunca se filiou a gênero nenhum e nunca fez questão de fazer parte de nenhuma turma. Nesse aspecto, o Skank sempre foi uma banda apartidária e que mostrou diferentes facetas ao longo dos anos.
Aos 57 anos, a única certeza de Samuel Rosa é que ainda quer e vai fazer muita música.
— Tenho Paul McCartney, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento como inspirações. São pessoas que levaram suas carreiras até os 80 anos de idade ou mais. Quando me comparo a eles, não na questão de produção, pois longe de mim ter essa pretensão, mas na questão da vitalidade, eu penso que ainda há tempo para fazer muito — reflete.