Caetano Veloso utilizou as redes sociais nesta quinta-feira (14) para anunciar que, após cumprir agenda de shows na Bahia, entrará em "férias radicais". O comunicado ocorre após o músico se manifestar sobre declarações da Osklen, marca de roupas que o artista processa por utilizar indevidamente sua imagem para fins publicitários, ao Estadão nesta quarta-feira (13). A empresa alega que Caetano e sua esposa, Paula Lavigne, teriam pedido R$ 500 mil em dinheiro em tentativa de acordo. Ele nega.
"Chego à minha Bahia e logo faço série de três shows do Meu Coco na Concha. Tenho 81 anos e venho de uma série de atividades superpuxadas. Peço aos meus amigos, colegas, conhecidos e desconhecidos que considerem minha decisão de descansar o que me é necessário. Depois dos shows na Cocha entrarei em período de férias radicais", escreveu ele nos Stories.
"Peço que não me convidem para atividades públicas, participações, conceder entrevistas ou emitir opiniões, gravar vídeos, escrever releases e outros textos ou qualquer outra atividade, sobretudo àqueles que sabem que mais me tocariam com seus chamados. Que tenhamos um feliz verão", finalizou.
Antes da publicação de anúncio do recesso, o músico havia compartilhado seu posicionamento sobre as últimas declarações da Osklen.
Caetano x Osklen: entenda
A marca de roupas está sendo processada por Caetano Veloso por uso indevido de imagem e danos morais e materiais em uma ação de R$ 1,3 milhão. O caso envolve uma campanha de verão da marca, chamada "Brazilian Soul", que teria feito referências ao músico e ao Tropicalismo, movimento fundado pelo artista, sem sua autorização prévia.
A empresa alega que tentou realizar um acordo anterior ao processo, mas que a proposta foi recusada. A grife afirmou que o cantor e sua esposa, Paula Lavigne, sócia-administradora da empresa Uns e Outros Produções, teriam pedido R$ 500 mil em dinheiro.
"Buscamos resolver a questão extrajudicialmente oferecendo ao cantor uma doação em seu nome que destinava recursos financeiros a uma instituição de cunho socioambiental de sua escolha. Porém, nossa proposta não foi aceita e como resposta recebemos uma negativa em tom irreconhecível e injustificado solicitando receber in cash R$ 500 mil", diz comunicado da Osklen ao Estadão.
Ainda de acordo com a empresa, a consequência da negativa foi o atual processo judicial que Caetano move contra a marca no valor de R$ 1,3 milhão no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
O músico e sua defesa se manifestaram sobre o tema, ponderando que a indenização não foi pedida in cash (em dinheiro) e que o valor proposto pela empresa era "vil diante do que seria a remuneração para um artista como Veloso para associar sua imagem e obra a produtos". Atrelado a isso, estaria o fato de que o músico nunca aceitou negociar sua obra e sua imagem para fins publicitários.
"Caetano jamais pediu indenização 'in cash', ou seja, em dinheiro. O que isso significa? Essa é uma afirmação muito grave, passível de tipificação criminal. Tentou-se um acordo, mas o valor proposto era vil diante do que seria a remuneração para um artista do calibre de Caetano Veloso para associar sua imagem e obra a produtos. Some-se a isso o fato de que Caetano Veloso nunca aceitou negociar sua obra e sua imagem para esses fins, mesmo tendo recebido propostas milionárias para esse propósito. Alias e a propósito, se a Osklen e a Oskar Metsavaht têm tanta certeza de não terem violado direitos de Caetano Veloso, a troco de que buscaram um acordo para evitar o litígio?", diz nota publicada.
A respeito da suposta sugestão de doação para uma instituição socioambiental por parte da Osklen, a assessoria jurídica do cantor declara que há uma intenção de "manchar a imagem" do artista c0m essa afirmação.
"A verdade é que a proposta, além de propor um valor medíocre para a ação publicitária que foi feita com o nome, a imagem e a obra do artista, visava a uma benemerência pública, coisa que não é do feitio e da personalidade de Caetano. Ele e Paula são grandes doadores, mas anônimos, sempre", diz a declaração.