Longe do barulho dos carros e onde a ausência de luzes permite que o céu mostre sua colcha de estrelas cintilantes, o Morrostock realiza uma nova edição na zona rural de Santa Maria, na Região Central do Estado, após hiato de três anos. Em vez de rock, jazz, blues ou MPB, o show de abertura na noite desta sexta-feira (8) foi comandado por 12 indígenas da tribo Guarani Mbya (veja vídeo abaixo).
Liderados pelo professor de guarani Jonata Benitez, 42 anos, o Vheraxunu, eles cantaram em língua própria sobre amor pela natureza. É um canto que faz sentido para quem deixou o conforto de casa para erguer uma barraca no meio do mato do Balneário Ouro Verde, pisando na grama umedecida pelo orvalho da noite e sem qualquer sinal de internet.
Além das mais de 30 atrações musicais de artistas independentes de diferentes cantos do Brasil e até da América Latina, a graça de um festival de música na natureza, e não em clubes ou estádios de futebol, é poder nadar no rio entre um show e outro e, quando o sol se põe, se houver sorte e olhar apurado, ver um vaga-lume pairando no ar a alguns centímetros da cabeça.
O convite ao repouso não é um estímulo à conduta negligente. Fundador e porta-voz oficial do Morrostock, Paulo Zé Barcellos pediu no microfone que, ao longo dos dias de acampamento e sob quaisquer efeitos e condições, fosse mantido o cuidado com o descarte do lixo, uma bandeira erguida cada vez mais alto no festival criado em 2007 e que reedita a ideologia paz e amor do Woodstock.
- Vai alterar o estado de consciência? Não altera o estado de respeito - disse Barcellos a um público ainda tímido na festa que iniciou nesta sexta e encerrará somente na noite do próximo domingo (10).