Regado a muito romantismo e dor de cotovelo, o Clube da Sofrência de Johnny Hooker desembarcou, mais uma vez, em Porto Alegre recentemente, para apresentação única no festival Meca, realizado no Quarto Distrito. Em conversa com GZH, o artista comentou sobre o polêmico cancelamento de sua participação no Mormaço Festival, em Boa Vista, capital de Roraima.
O veto da apresentação, que ocorreria em 30 de setembro, foi anunciado nas redes sociais pelo prefeito Arthur Henrique (MDB), após religiosos resgatarem um show em que o artista disse que Jesus Cristo seria "travesti, transexual e bicha".
— Foi uma censura. É essa base de mobilização de ódio na internet que tá vivíssima, né. A gente ficou muito triste e esperamos justiça, mas não sei se no Brasil dá para esperar por justiça — comenta Hooker.
O artista afirmou que sua equipe entrou com uma manifestação junto ao Ministério Público, com apoio da deputada Sâmia Bomfim (PSOL), pedindo reparação pelo veto.
— Porque é uma coisa muito grave uma manifestação cultural ser censurada previamente. Isso é inconstitucional, mas ao mesmo tempo eu acho que a reação institucional não foi muito forte. Parece que no Brasil tudo se naturaliza. No dia seguinte, o povo está embalando os corpos e cadáveres com o jornal do dia anterior — pontuou o artista.
O primeiro xis no RS
O cantor já esteve diversas vezes no RS, inclusive neste ano, com seu Clube da Sofrência, que homenageia a cantora Marília Mendonça, considerada a rainha do gênero. O que Hooker ainda não conhecia é uma das iguarias mais tradicionais que os gaúchos simplesmente adoram: o xis burguer. Ainda que tenha aprovado a iguaria, a novidade gastronômica deixou o artista com o sono pesado.
— A gente chegou e veio direto para passagem de som, mas depois a gente foi comer um xis clássico gaúcho. Ficamos um pouco entalados porque eu acho que meia-noite não era o horário certo para comer. Quase que não consegui dormir depois — conta, rindo.
— É delicioso, nota 10, mas tem que comer antes das 18h para dar tempo de digerir.
Burnout pós-pandemia
Hooker também comentou sobre os desafios enfrentados por ele no pós-pandemia. No ano passado, o artista chegou a publicar um desabafo nas redes sociais dando a entender que faria uma pausa na carreira. No entanto, a GZH, o cantor explicou que, naquele período, ele enfrentou um burnout — síndrome de esgotamento profissional.
— Eu falei que estava tendo um burnout e tentando colar os pedacinhos porque a gente tinha vivido uma pandemia. No meio, perdi um dos meus melhores amigos, no meio do governo daquilo lá, que estava lá (se referindo ao ex-presidente Jair Bolsonaro). Enfim, eu estava tendo um burnout porque a pressão era muito grande para voltar, mas ao mesmo tempo, como eu ia voltar (com) as coisas como estavam antes de tudo isso acontecer? Agora, as coisas estão voltando. Acho que desde o Carnaval tem engrenado bastante os shows, tem engrenado bastante os eventos, os festivais — pontua.