Apenas Luiz Marenco, com sua voz e violão. Ao subir ao palco do Theatro São Pedro neste sábado (19), às 20h, e domingo (20), às 18h, ele pretende recriar um cenário secular do imaginário gaúcho: como se estivesse ao redor de uma fogueira no campo, versando sobre o seu lugar e universo. É o que se propõe no espetáculo Cantador.
Sem músicos de apoio, Marenco apresenta suas composições — com letras escritas por parceiros — e conta histórias no show. Também haverá uma pincelada do repertório de Noel Guarany, uma das maiores referências do músico. Aliás, a ideia do cantor é realizar um espetáculo folclórico e intimista como Noel fazia.
No entanto, o pontapé para a concepção de Cantador é mais moderno: tudo começou com lives que Marenco passou a realizar durante a pandemia. Intitulada Do Meu Rancho Pro Teu, a apresentação virtual surgiu da saudade que o cantor sentia da estrada e do público.
Sempre aos sábados, às 21h30min, ele se apresentava. Marenco recorda que as lives eram simples no começo, com seu celular apoiado em um bule antigo. Mas era ele e suas composições. Ou ao menos as que lembrava — recorreu a antigos parceiros para relembrar e reaprender suas próprias músicas. Logo, chegou a pelo menos mais de três dezenas de canções em seu repertório.
Marenco estima que foram 96 “cantorias”, como ele chama as lives. O projeto estacionou após a retomada de shows, mas o músico ainda quer chegar a cem. Porém, foi a semente para o Cantador.
— Se faço isso em casa 96 vezes, porque não levar isso para o palco? — questiona. — Então, resolvi continuar o que comecei na pandemia. Fazer o mesmo que fazia em casa: cantar o puro folclore do Estado, da forma mais autêntica possível. O gaúcho com sua guitarra expressando o que ele sente.
Após o fim de semana no TSP, Marenco pretende levar o espetáculo para outros teatros. No entanto, ele ressalta que Cantador não é o tipo de show que funcionaria em qualquer espaço.
— Tem que ser para o ambiente que ele pertence, onde as pessoas vão e se sentam para ouvir. Não é como cantar em um rodeio — adverte.
De qualquer maneira, Marenco costuma levar a música regionalista para além do CTG. Seja em ginásio, bares, feiras ou teatro, o cantor promove diferentes tipos de shows — para o público dançar e também para ouvir sentado.
Além de flutuar por diferentes espaços, também passeia como ouvinte por diferentes estilos musicais. No caso, aprecia flamenco, tango, rock, blues, nomes como Frank Sinatra, Bob Marley e Bob Dylan. Conta que, por exemplo, foi ao show do Guns na Arena do Grêmio. Ele costuma sublinhar que seu ecletismo o enriquece como cantor.
— Nunca fiz uma aula de violão ou de canto. É tudo coisa do nosso pai do céu — atesta. — Então, tu abres tua mente. Sempre fui um cara aberto para aprender. Tirar um pouquinho de conhecimento de cada um.
Planos
Aos 58 anos, Marenco está em seu segundo mandato como deputado estadual. Morador de Santana da Boa Vista, no Sul do Estado, há cerca de 300 km de Porto Alegre, ele se divide entre a vida parlamentar e a carreira artística. Confessa que às vezes é difícil, sente falta de casa e da família — de onde recebe o suporte para seguir em ambas áreas.
Em relação à música, Marenco relata que está reunindo repertório para outro CD. Aliás, ênfase no “CD”, pois ele faz questão de lançar o trabalho em mídia física, valorizando toda a experiência em ler o encarte, ver fotos e toda imersão que esse modelo proporciona. Conforme o cantor, é possível que o novo álbum seja apresentado no fim do ano.
Já o DVD duplo Luiz Marenco — Documentário está previsto para sair na semana que vem. Em uma parte do material, o músico conversa com pessoas que fizeram parte de sua trajetória, construindo assim um registro biográfico. Por fim, também há uma apresentação de Marenco com o violonista Gabriel Selvage.
Luiz Marenco — Cantador
- Sábado (19), às 20h, e domingo (20), às 18h, no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº).
- Ingressos a partir de R$ 30 pelo site e bilheteria do Theatro.