Shana Müller cresceu com duas importantes influências: as músicas nativista e latino-americana. Era o que os seus pais mais escutavam em casa. E, como artista, levou estes elementos para a construção de sua carreira. Agora, com 19 anos de trajetória — são 43 de vida —, a cantora entendeu que era o momento de entregar ao público um show quase inteiramente cantado em espanhol, festejando esta latinidade de sua formação, fazendo uma viagem que vai da Argentina ao México.
O espetáculo Canto de América foi lançado no aniversário de Porto Alegre do ano passado, durante a programação do Sarau do Solar especial, no Theatro São Pedro. Agora, a cantora retorna ao icônico palco do Estado para consolidar esta apresentação que, segundo ela, tem uma grande importância em sua jornada como artista, uma vez que reflete suas inspirações, sua maturidade e, também, acrescenta o seu lado feminino dentro de um cenário predominantemente masculino.
— Acho que esse é o show da minha vida, porque ele é, de uma certa maneira, um resumo de tudo que eu construí como artista dentro desse cenário que é latino-americano. E a nossa canção regional faz parte também desse cenário — conta Shana, reforçando a importância dos festivais nativistas e de nomes como trio Los Panchos, Mercedes Sosa, Teresa Parodi e José Larralde para a construção do espetáculo.
No repertório de Shana, estão 20 canções, sendo apenas duas em português, mas ambas conversando com a latinidade. A primeira é Nunca, de Lupicínio Rodrigues, e a outra é Maria Maria, de Milton Nascimento e Fernando Brant. Durante a apresentação, o público ainda será agraciado com bolero, tango, milonga, chacarera e zamba na voz da artista gaúcha, que vai dividir o palco com os músicos Felipe Barreto, violinista parceiro de estrada da cantora; Guilherme Goulart, acordeonista; Adriano Wiger, pianista; e os percussionistas Bruno Coelho e Giovani Berti.
Na visão da artista, que nasceu em Montenegro, o fato de a América Latina ter o espanhol como língua predominante, deixando o Brasil quase isolado com o seu português, ao contrário do que se poderia imaginar, é um ponto positivo. Segundo Shana, sempre que visita os países vizinhos, como Argentina e Uruguai, as pessoas pedem que ela cante em português. Assim, os laços ficam ainda ainda mais estreitos, com admiração mútua de ambos os lados.
— Eles têm verdadeira adoração pela sonoridade, pela musicalidade do português. Segundo eles, é muito mais que o espanhol. Então, eu acho que é justamente essa a diferença do Brasil em relação a esses países e é o que torna o Brasil tão exclusivo, tão atrativo musicalmente — aponta a artista, que diz sempre priorizar as canções em português quando está cantando pela América Latina.
Desta vez, fazendo o caminho inverso, com o Canto de América, ela ainda aposta em uma experiência diferenciada, segundo também os direcionamentos do seu padrinho musical Luiz Carlos Borges (1953-2023):
— Esse é um show muito sensorial. Eu gosto dessa palavra, pois faz parte da minha vida, porque tenho um filho autista. Ele é sensorial, porque tem a luz, tem o roteiro, tem vídeo, tem dança assim. Ele tem uma coisa muito visual, muito auditiva e muito de sensação. Esses ritmos te levam para essa viagem, mexem com emocional e até com as nossas memórias.
"Canto de América", de Shana Müller
- Nesta quinta-feira (20), às 20h, no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº - Centro Histórico), em Porto Alegre
- Ingressos a partir de R$ 40 (galeria), à venda pelo site e na bilheteria do Theatro São Pedro, no dia do evento