Com unanimidade, os deputados estaduais do Rio Grande do Sul aprovaram na tarde desta terça-feira (11) o projeto de lei que fixa a indenização mensal dada a músicos da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) para manutenção de instrumentos e de roupas usadas nas apresentações. O valor passa dos atuais R$ 1.206 para R$ 2.881. Agora a medida segue para sanção do governador Eduardo Leite.
Desde 2021, a direção da Ospa – instituição vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Sedac) — e da Associação dos Funcionários da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Affospa) lutavam por uma indenização mais robusta junto ao Executivo. A aprovação representa uma vitória para os músicos, que têm dos salários mais baixos entre as orquestras do Brasil, variando entre R$ 4,8 mil e R$ 5,2 mil. Na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), os artistas ganham de R$ 11 mil a R$ 12 mil.
Diretor artístico e maestro da Ospa, Evandro Matté diz que desde 2012 o valor desse auxílio estava congelado, fazendo com que os músicos tirassem do próprio bolso para investir em reparos nos instrumentos e nas vestimentas utilizadas nos concertos. Atualmente, a orquestra conta com 102 artistas.
— É muito importante entender que não é aumento de salário. São os músicos que têm que adquirir seus instrumentos e sua roupa. Os instrumentos são importados, comprados em dólar. São instrumentos de muito valor. Desde a época em que foi criada essa indenização, o dólar aumentou muito.
Contrabaixista da Ospa há sete anos e presidente da Affospa, Rafael Figueredo ressalta que os artistas da orquestra estão felizes com o aumento da indenização, e que tanto ele quanto os colegas estavam em dificuldades para garantir trajes e instrumentos para os concertos.
— Depois que o músico entra em uma orquestra profissional, precisa de instrumentos à altura. São instrumentos raríssimos e precisamos tê-los em bom estado para fazer os concertos que o público merece. A gente estava tirando do próprio bolso para a manutenção dos instrumentos e das roupas, sendo que o nosso salário está muito defasado em relação às outras orquestras — frisa.
Segundo Matté, a Ospa está em um processo de intensa readequação para manter o status da orquestra como uma das melhores do país. Em 2018, foi conquistada a Casa da Ospa, no Centro Administrativo do Estado.
— Nossa orquestra está em um nível alto, entre as principais orquestras do país. Mas, além de construirmos nossa estrutura, nossa casa, para conseguirmos realizar bons concertos, também precisamos valorizar os profissionais. Com a defasagem salarial, corremos o risco de perder os músicos.