"Bastante humano", "olho no olho", "com magia", "de verdade". Estes são alguns dos adjetivos citados por Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá para explicar como as canções da Legião Urbana arrastam multidões para os shows, mesmo décadas após suas criações. E para validar o que dizem, os músicos que formaram a icônica banda brasiliense chegam a Porto Alegre nesta sexta-feira (28) para um show no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), a partir das 21h, com ingressos praticamente esgotados.
A apresentação se dá em comemoração a dois importantes álbuns da história do grupo que completaram 30 décadas nos últimos anos — As Quatro Estações, lançado em 1989, e V, de 1991. As celebrações, então, foram unidas e ocasionaram a turnê As V Estações, que costura os discos, os quais abrigam clássicos como Pais e Filhos e O Teatro dos Vampiros. Serão 11 músicas do primeiro, seis do segundo e mais outros sucessos da carreira da banda, totalizando mais de duas horas de espetáculo.
— As pessoas podem esperar um show de rock bastante humano no sentido de que não tem nada robotizado, de acordo com o mundo para o qual estamos caminhando. E acho que isso faz com que as pessoas deparem com o lado humano delas mesmas, porque não é um mais um, como na linguagem binária. Vai ser olho no olho, dente por dente, com todo mundo olhando um para o outro. A gente faz show assim, e acho que o que rola é uma certa verdade, que está nas letras da Legião Urbana — diz Bonfá.
Este é o terceiro projeto comandado pela dupla, que vem se reunindo desde 2015 para comemorar os discos da banda nascida nos anos 1980, em Brasília. O primeiro encontro foi justamente para celebrar o disco Legião Urbana, lançado em 1985, o primeiro do grupo. E, nesta empreitada, Dado, que defende a guitarra, e Bonfá, que comanda a bateria, vêm se juntando a Mauro Berman, no baixo; Lucas Vasconcellos, na guitarra e no violão; Pedro Augusto, nos teclados; e André Frateschi, ator que assume o difícil trabalho de dar voz a músicas que ficaram célebres com Renato Russo (1960-1996) — Dado e Bonfá também cantam algumas.
— A apresentação tem uma dinâmica, às vezes, até teatral. São dois discos mais maduros no sentido das composições, com a gente já entendendo um pouco mais o que era a força daqueles caras fazendo as músicas da Legião — explica Dado. — A força do repertório, das canções, está ali, ao vivo. É uma banda analógica, que toca com as pessoas se olhando e interage com o público. As canções da Legião são sempre uma nova emoção.
Pentagrama
A seleção das músicas que compõem o espetáculo foi feita por Berman que, além de baixista, também atua como diretor musical da banda. E, para idealizar o show de As V Estações, o artista se guiou por um pentagrama — uma estrela de cinco pontas, cada uma delas representando um dos vetores que norteiam o projeto: ar (confissão, entrega, espelho), água (amor, relacionamento, self), terra (super hits), fogo (política, Brasil, luta, mudanças) e espírito (só o amor salva), este último, segundo o idealizador, coordenando os elementos.
Essa dedicação para criar o espetáculo vem dando resultados — por onde passam, os relatos são de casas lotadas e o público cantando todas as músicas, do começo ao fim. E não apenas quem acompanhou a Legião Urbana na época em que a banda estava em atividade (1982-1996), mas também novos fãs, que passaram a gostar das canções décadas depois de suas composições.
— A gente se dedicou bastante para fazer essas músicas, eu, Dado e Renato — conta Bonfá, enfatizando que a experiência presencial e orgânica supera as interações e criações digitais. — O fato de o público estar se renovando significa que a internet levou essa música para esses jovens, e eles depararam com um repertório significativo, importante e relevante. Quando eles descobrem que essas músicas vão ser apresentadas ao vivo, sabem que aquilo será real e que estarão vendo gente de verdade tocando, executando as músicas da mesma forma que foram criadas.
Para Dado, seguir levando adiante o repertório da Legião Urbana e, com isso, lotar casas de shows é um trabalho feito com muito cuidado, carinho e admiração pelo material que eles têm, o qual o músico chama de "tesouro". De acordo com ele, é uma experiência gratificante deparar com a perenidade das canções:
— É um lance muito maluco. A gente trabalhou, sei lá, com magia. Hoje em dia, é tudo muito imediato, as pessoas não têm mais tempo como antigamente, eu acho. Não têm mais o hábito e a concentração para ficar ouvindo um disco, por exemplo, e nem ouvir uma canção inteira. Então, você conseguir seduzir as pessoas a se concentrarem na sua música, algumas com nove minutos, é um presente.
Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá em "As V Estações"
- Nesta sexta-feira (28), às 21h, no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre
- Ingressos a R$ 270 (inteiro) ou R$ 140 (solidário, mediante a doação de 1kg de alimento não perecível)
- Desconto de 50% para sócios do Clube de Assinante e acompanhante sobre o valor inteiro
- Ponto de venda sem taxa: Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2.611, loja 249 – Jardim Lindóia), das 10h às 22h. Ponto de venda com taxa: na plataforma Sympla.