Em um movimento contínuo de expansão, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) inaugura, neste mês, a temporada 2023, com o tema Ospa em Movimento. Uma nova série de concertos durante a semana, duas montagens de ópera e apresentações em homenagem a aniversários de nascimento de grandes compositores estão entre os destaques.
O primeiro concerto será no sábado da semana que vem (11), às 17h, na Casa da Ospa (veja detalhes ao final do texto), com obras de Heitor Villa-Lobos e George Gershwin. O programa terá regência de Evandro Matté e contará com as solistas Eiko Senda, soprano do Japão radicada em Porto Alegre, e Sylvia Thereza, pianista brasileira que reside no Exterior.
— São dois compositores que colocaram a música popular de seus países dentro da música de concerto de forma brilhante. Gershwin com o jazz nos EUA, e Villa-Lobos com a música regional brasileira. Além disso, teremos duas solistas maravilhosas: Sylvia, super-reconhecida, e Eiko, que é, na minha opinião, se não a maior, uma das maiores sopranos do Brasil. É um programa muito bonito com artistas de muito alto nível — ressalta Matté, diretor artístico da Ospa.
O maestro destaca que a orquestra seguirá a mesma linha de anos recentes, procurando sempre a diversificação em diferentes arestas: em estilos e linguagens, atendendo a todas as possibilidades que a música de concerto propõe, em diferentes períodos; em relação aos compositores, de diferentes localidades; nas propostas de concerto, indo além do tradicional, com diferentes séries e ópera; e de solistas e maestros, com convidados de diferentes partes do mundo e que tocam diferentes instrumentos.
— A gente vem, desde a inauguração da Casa da Ospa, em 2018, em uma crescente de programação. Continuamos em movimento, indo para a frente. Não paramos, não vamos nos dar por satisfeitos — pontua.
Um dos destaques deste ano é uma nova série de concertos. Além dos tradicionais programas aos sábados, a Casa da Ospa abrirá as portas durante a semana para receber o público na Quinta Clássica. A iniciativa surgiu a partir de pedidos do público e funcionará como um teste, proporcionando a chance de assistir a concertos sem ser no fim de semana.
Serão quatro quintas-feiras até o final do ano, nos dias 20 de abril, 6 de julho, 5 de outubro e 14 de dezembro, sempre às 20h. O repertório será focado no período do classicismo.
Fortalecimento da ópera
Retomando cada vez mais o destaque no cenário cultural gaúcho, a ópera tem conquistado um público cativo e levou a Ospa a ampliar a tradição recente de executar ao menos uma montagem por ano. Em 2023, serão duas, inéditas, ambas com solistas da Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul e direção cênica de Flávio Leite.
A primeira será uma ópera tradicional do repertório, I Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo, nos dias 17, 18 e 20 de junho, no Theatro São Pedro. O espetáculo contará com a participação especial do Coro Sinfônico da Ospa e do Grupo Tholl.
A segunda é uma obra gaúcha, Os Bacharéis, com música de Manoel Acosta y Olivera e texto de Simões Lopes Neto e José Gomes Mendes. A montagem terá apresentações em Porto Alegre, no dia 2 de setembro na Casa da Ospa, e em Pelotas, nos dias 9 e 10 de setembro, no Theatro Sete de Abril, o mais antigo do RS, que deve ser reinaugurado.
— É um gênero pelo qual a gente realmente nota que existe uma procura muito grande. Em todas as óperas que nós fazemos, o teatro está sempre lotado. Isso também oportuniza trabalho para muita gente. Não é só a orquestra. Envolve canto, dança, coro, cenário e iluminação — afirma Matté.
Em 2023, a Ospa também renderá homenagens a grandes compositores: em três concertos (18 de março, 29 de abril e 6 de maio), os músicos executarão obras do russo Sergei Rachmaninoff (1873-1943), em comemoração aos 150 anos de seu nascimento. Em 15 de abril, o tema será o compositor francês Édouard Lalo (1823-1892), em referência a seus 200 anos de nascimento, mostrando o trabalho de um autor que não é usualmente interpretado em salas de concerto. Já no dia 11 de novembro, haverá um concerto com obras de Bruno Kiefer (1923-1987), compositor alemão que se radicou em Porto Alegre e que terá seu centenário de nascimento celebrado neste ano.
— São grandes nomes da música que tiveram sua importância no seu período. Cada um tem uma especificidade, uma linguagem diferente — avalia Matté.
Além disso, participações especiais também vão rechear a programação do ano — com destaque para as regências de Alba Bomfim e de Catherine Larsen-Maguire, bem como os solos de Sérgio Pires (clarinetista de Portugal) e da já citada Sylvia Thereza no concerto de abertura. As séries Interior (com oito concertos pelo RS), Música de Câmara, Pop (Pink Floyd Sinfônico e Música de Cinema) e Concertos Didáticos continuam sendo realizadas.
Do ponto de vista educacional, a Escola da Ospa pretende seguir aprimorando a oferta de ensino gratuito de alto nível para a formação de jovens. Neste ano, também há planos para implementar um projeto social de inclusão por meio da música.
— A Ospa já é uma das grandes instituições de concerto do país, e queremos cada vez mais qualificá-la e colocá-la no cenário nacional e internacional — pontua Matté. — O objetivo principal é levar cultura e música de concerto para a sociedade, de forma extremamente acessível. Sempre atender à sociedade, pois a Ospa é pública, do Estado.
Destaques da temporada
- O primeiro concerto será no dia 11, às 17h, na Casa da Ospa no Centro Administrativo Fernando Ferrari (Av. Borges de Medeiros, 1.501), em Porto Alegre. No programa, obras de Villa-Lobos e Gershwin. Regência: Evandro Matté. Solistas: Eiko Senda (soprano) e Sylvia Thereza (piano). A venda de ingressos deve começar nesta sexta-feira (3), ao meio-dia, pelo Sympla.
- Ao longo do ano, haverá concertos com obras de Rachmaninoff (150 anos de nascimento), Bruno Kiefer (cem anos de nascimento) e Édouard Lalo (200 anos de nascimento).
- A orquestra encenará duas obras com a Companhia de Ópera do RS: I Pagliacci, de Leoncavallo, com participação do Grupo Tholl (em junho, na Capital), e Os Bacharéis, com música de Manoel Acosta Oliveira e texto de Simões Lopes Neto (em setembro, com récitas na Capital e em Pelotas).
- Além dos concertos aos sábados, haverá a Série Quinta Clássica, com quatro apresentações às quintas-feiras à noite, de abril a dezembro.