Já será abril, mas o ano começará neste domingo (2) para a Orquestra de Câmara da Ulbra. O conjunto realizará o seu primeiro concerto da temporada, na Associação Leopoldina Juvenil (Rua Marquês do Herval, 280), em Porto Alegre, às 19h, com entrada franca.
Para marcar o pontapé inicial nas atividades da orquestra, o maestro e diretor artístico Tiago Flores selecionou um repertório de serenatas. Três obras do tipo serão apresentadas neste domingo: Serenata em Ré Maior, KV 239, para Cordas e Tímpano, de Mozart; Serenata para Cordas, op. 20, de Elgar; e Serenata para Cordas, op. 48, de Tchaikovsky.
A primeira a ser escolhida foi a serenata de Tchaikovsky, considerada pelo maestro uma obra imponente e complexa, interessante para abrir o ano da orquestra. Para fechar o programa, Flores decidiu somar as serenatas de Mozart e Elgar, oferecendo ao público uma visão ampla deste tipo de composição em diferentes períodos da música de concerto.
— É uma oportunidade de mostrar como cada compositor imaginou uma serenata dentro do seu estilo e do seu período — explica o maestro. — O que Mozart, no período clássico, pensou para uma serenata é bem diferente do que Elgar e Tchaikovsky pensaram depois. A serenata de Mozart é mais divertida, para o deleite das pessoas, sem tanta profundidade. Já no período romântico, de Elgar e Tchaikovsky, as serenatas eram obras mais complexas — analisa.
A apresentação integra a série Domingo Clássico, que completa 20 anos de atividades neste 2023. Desde o início do projeto, em 2003, a Orquestra de Câmara da Ulbra realiza um concerto por mês na Associação Leopoldina Juvenil, sempre com gratuidade para o público.
As duas décadas da iniciativa são uma vitória para a orquestra e o maestro. Não é fácil manter uma série tanto tempo em atividade no Brasil, Flores pontua, sobretudo oferecendo entrada franca para a comunidade. O projeto só é viável por conta das leis de incentivo à cultura, conforme o maestro.
— A manutenção de um horário e de uma série é algo muito importante para uma orquestra. Em países europeus como a Áustria, você vê séries de concertos que estão lá há mais de cem anos, que atraem turistas, mas no Brasil isso é pouco comum — destaca Flores. — O mais bacana dessa série é que sempre tem gente nova nos concertos, mesmo após 20 anos. Recebemos todos os públicos, do leigo até quem já acompanha há tempos. É um projeto democrático.
Flores explica que parte do público da série Domingo Clássico comparece após assistir a um concerto de outra série consagrada da Orquestra de Câmara da Ulbra, a Concertos Populares.
— É um projeto que, por conta do repertório, consegue aproximar as pessoas. Muitas delas nunca haviam consumido a música orquestral por acharem que é algo elitista ou de difícil entendimento, mas conseguem quebrar essa barreira após um concerto popular e passam a nos acompanhar frequentemente — diz o maestro.
Visando a desmistificar alguns preconceitos que rondam esse tipo de iniciativa, série Concertos Populares apresenta concertos com repertórios da música pop ou dá novas roupagens a clássicos da música erudita. É o caso do espetáculo inédito Vivaldi Elétrico, que neste ano será responsável por abrir os Concertos Populares, com três apresentações no Theatro São Pedro nos dias 13 e 14 de maio. O evento apresentará As Quatro Estações, de Vivaldi, em uma pegada rock'n'roll, com Frank Solari na guitarra e Kiko Freitas na bateria.
Durante o ano, a série Concertos Populares ainda contemplará outros espetáculos inéditos. Entre as novidades estão A Era dos Festivais, com músicas que marcaram época no país nas décadas de 1960 e 1970, no dia 27 de agosto, no Salão de Atos da UFRGS; e John, Paul George – After Beatles, em 23 de setembro, no mesmo local, com composições dos três ex-Beatles criadas após o fim da banda.
Ainda pela série Concertos Populares, espetáculos renomados como Clássicos do Rock e Especial Queen voltam à programação. O primeiro será apresentado em Santa Maria, no dia 29 de junho, enquanto o segundo ocupará o Teatro da Amrigs, na Capital, em 20 de julho. Além disso, o grupo inaugura neste ano a série Concertos no Farol Santander, com 10 apresentações mensais no espaço cultural do centro de Porto Alegre.
A agenda cheia é motivo de celebração para a Orquestra de Câmara da Ulbra.
— Vamos voltar ao patamar de programação que estávamos em 2019, antes da pandemia. Estamos com perspectiva de fazer mais de 30 concertos no ano, o que representa de três a quatro concertos por mês, em um período de oito meses. Estamos muito empolgados por poder retornar com todo vapor — comemora o maestro Tiago Flores.