Se fosse só com Os Besouros, o Theatro São Pedro já teria uma festa beatlemaníaca garantida neste domingo (20), em Porto Alegre. Mas será ainda melhor: haverá um beatle presente. O baterista Pete Best irá participar do show, que terá início às 18h.
Formada por Nelson Dvoskin (vocal e guitarra base), Felipe Rotta (guitarra solo), Veco Marques (guitarra solo), Daniel Finkler (contrabaixo) e Ricardo Rochedo (bateria), Os Besouros irão repassar a trajetória dos Beatles no palco. O repertório será cronologicamente regressivo, começando pelos discos Abbey Road e Let It Be, acenando pela era psicodélica, até chegar à época de quando os rapazes de Liverpool vestiam terninhos. Músicas como Get Back, In My Life, All My Loving e My Bonnie estão confirmadas no repertório.
Aliás, My Bonnie é uma das canções que contarão com Best na bateria. O músico assumirá as baquetas na reta final da apresentação, quando a viagem regressiva chegará aos momentos embrionários dos Beatles. Aos 80 anos (completa 81 na próxima quinta-feira, dia 24), ele volta a Porto Alegre. Sua primeira vinda foi em 2009, quando subiu ao palco do Teatro do Sesi acompanhado da banda cover argentina The Beats.
Há quem aponte Best como "o homem mais azarado do mundo", por ter saído dos Beatles em agosto de 1962, às vésperas da banda estourar. O posto foi assumido por Ringo Starr, e o resto é história. Durante seus dois anos no grupo, ele acompanhou centenas de performances ao lado de Paul McCartney, John Lennon e George Harrison, incluindo as maratonas de apresentações em inferninhos em Hamburgo, na Alemanha, e os frequentes shows no The Cavern Club, em Liverpool. Mesmo com centenas de horas de palco e tendo encarado o começo difícil da banda, ele foi desligado. Há diferentes versões para a sua demissão, mas se pode atestar que havia uma insatisfação dos outros companheiros.
Para Nelson, Best tem uma história de superação que ninguém mais tem:
— Ele foi chutado dos Beatles aos 46 do segundo tempo, logo antes de se tornarem a maior banda de todos os tempos. O cara pensa: "Era pra ter sido eu, que estava na hora ruim". Só ele sabe o que passou. Admiro muito ele ter conseguido levar a vida adiante, ter composto uma família e tudo mais.
Nelson conheceu Best em Liverpool, onde ele frequenta há alguns anos a Beatleweek, evento anual com tributos ao quarteto. O músico lembra que, em uma oportunidade, convidou o baterista para tocar em Porto Alegre, e o beatle topou. Esse namoro teve início em 2014, mas só foi avançar mesmo a partir de maio deste ano, tendo intermediação do escritor e pesquisador Ricardo Pugialli — amigo brasileiro de Best.
Fundada em 2011, Os Besouros se apresentou em diversas cidades pelo Brasil e também na Inglaterra. A banda foi criada para apresentar versões de músicas dos Beatles em arranjos próprios. O projeto reflete uma paixão antiga de Nelson, que começou lá no começo da adolescência. Após sua irmã lhe apresentar os Beatles, foi despertada sua vontade de ser músico.
— Naquele momento em que os escutei, percebi que era o que eu queria fazer na vida. Se fosse dar certo ou não… mas queria isso — atesta.
Segundo Nelson, o principal objetivo do grupo era um dia tocar no Cavern Club. O sonho foi realizado em 2017, quando a banda foi convidada a participar da Beatleweek em Liverpool, realizando temporada de 10 shows no mítico bar, além de mais seis performances em outros locais da cidade. Mas, neste domingo, a história será outra: tocar com um beatle no palco.
— Não sei o que me espera. Vou estar tocando com um verdadeiro beatle. Vai ser difícil, de certa forma. Não sei o que a emoção vai me aprontar na hora do palco. É possível que eu comece a chorar (risos) — brinca Nelson.
Os Besouros recebem Pete Best
- Neste domingo (20), às 18h, no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), em Porto Alegre.
- Ingressos a partir de R$ 40 pelo site do teatro ou na bilheteria.