Parece que foi ontem que Péricles lotou a quadra da Banda Saldanha com o seu irresistível Pagode do Pericão, mas já se passaram mais de três anos desde aquele outubro de 2019. Pouco antes, em maio, ele já havia subido ao palco da Império da Zona Norte, mas a vinda então recente não tirou dos fãs o desejo de reencontrá-lo mais uma vez. Afinal, era sempre assim: pelo menos duas vezes ao ano, quando não mais, Péricles tinha encontro marcado com o público da capital gaúcha, sempre com casa cheia. Até que veio a pandemia. Agora, após um hiato de três anos imposto pela crise sanitária, o Rei da Voz volta a Porto Alegre para show neste sábado (15), às 21h, no Auditório Araújo Vianna.
Será uma noite para matar a saudade acumulada nesses mais de mil dias de afastamento forçado - e que, pelo menos da parte do sambista, não é pouca.
— Espero, depois desse período longe de Porto Alegre, nunca mais ficar tão longe. Estou com saudade daí, dos meus amigos, dos meus fãs e creio que esse espetáculo vai ser épico para a gente poder matá-la — diz.
Contudo, apesar da distância física, Péricles não deixou os fãs abandonados. Desde 2019, ano do primeiro Pagode do Pericão e do álbum e DVD Mensageiro do Amor, o músico não parou de colocar outros novos projetos no mundo. Lançou robustos cinco álbuns em um período de dois anos: Pericão Retrô (2020), Tô Achando que é Amor (2020), Minha História: Onde Tudo Começou (2021), no qual canta ao lado de Chrigor e Leandro Lehart, Céu Lilás (2021) e Pagode do Pericão 2 (2022).
O sambista ainda dividiu as produções autorais com participações em projetos de outros artistas, protagonizando uma série de feats que acabaram conquistando o público do samba e do pagode. É o caso de Sinais de Fogo, canção gravada com Ludmilla, e Dorme com Deus, ao lado do grupo Tá Na Mente, entre outras músicas. A disposição para tantos lançamentos, ele diz, vem da satisfação de estar fazendo aquilo que sempre sonhou em fazer.
— Tenho hoje quase 40 anos de trajetória na música. Vivo um momento que me traz uma felicidade imensa e agradeço muito a Deus e a todo mundo que me ajudou, porque viver o que vivo hoje, é mágico. Vivo aquilo que sempre imaginei. Gosto de trabalhar, de estrada, de estúdio e de pôr as minhas ideias em prática. Tinha muitas ideias e consegui aproveitar esse tempo de isolamento para executá-las — afirma Pericão.
O espetáculo que ele apresenta neste sábado é baseado no repertório de um de seus filhos da pandemia: o disco Céu Lilás, de 2021, que concorre ao Grammy Latino como melhor álbum de samba. Com esse trabalho, que gira inteiramente em torno da temática do amor, Péricles introduziu novas canções à ala "para machucar" de seu cancioneiro. É uma ala formada por aquelas músicas que fazem o ouvinte automaticamente começar a agir como se estivesse sofrendo por amor, mesmo sem estar — aos moldes do que acontece quando se escuta a canção Até que Durou, um dos maiores sucessos dele, pela qual é impossível passar ileso.
Ou seja, o show na capital gaúcha vai agradar aos apaixonados, aos que vivem uma dor de cotovelo e aos que só estão afim de ouvir o Rei da Voz novamente ou pela primeira vez. De qualquer maneira, o amor vai estar no ar. Seja pelas canções de Céu Lilás ou pelas músicas obrigatórias em toda apresentação de Péricles, que devem estar presentes também nesta: Até que Durou, por óbvio, Melhor Eu Ir e Final de Tarde, pela fase da carreira solo; e Gamei, 40 Graus de Amor e Diz pra Mim pelos anos de Exaltasamba.
— Posso dizer que este é um show voltado especialmente para os fãs. Tudo o que eles vão ver no show, foi pensado e elaborado exatamente para eles. Aqueles que conhecem e gostam muito do nosso trabalho, vão ver de fato um Péricles que há muito tempo as pessoas não viam. Aqueles que não conhecem, vão ter uma boa visão de quem é o Péricles. Para quem conhece, um Péricles renovado; para quem não conhece, um Péricles cheio de boas ideias e de novidades — adianta o músico.
Apesar do spoiler, Péricles faz surpresa sobre o repertório oficial do espetáculo. Deixa envolto em mistério, por exemplo, se sua mais recente canção será apresentada ao público no Araújo Vianna. Nesta quarta-feira (12), ele lançou uma releitura de Superfantástico, do Balão Mágico, na qual divide os vocais com a filhinha Maria Helena, de dois anos. É uma história que se repete, pois o filho mais velho de Péricles, Lucas Morato, também seguiu os passos dele na música.
— Para mim é uma felicidade quando vejo a Maria Helena se desenvolvendo, assim como o Lucas se desenvolveu e se tornou esse grande compositor e cantor que a gente vê hoje. Costumamos dizer aqui em casa que vai começar tudo de novo, e fatalmente começará. Mas, antes de qualquer coisa, espero que ela seja muito feliz. É isso que eu sonho para ela e foi isso que sonhei para o Lucas também — comenta Péricles, orgulhoso da trajetória que construiu até aqui e que serve de exemplo aos filhos:
— Vou acertar muito e vou errar muito ainda, mas dentro daquilo que eu imagino que é o universo musical, procuro sempre dar o meu melhor. Isso fica como legado: você dar o seu melhor, andar corretamente, fazer boas coisas e boas escolhas. É o que me trouxe até aqui e é o que eu espero para a minha carreira e para a carreira de todos.
Péricles em Porto Alegre
- Neste sábado (15), às 21h, no Auditório Araújo Viana (Av. Osvaldo Aranha, 685)
- Ingressos inteiros a partir de R$ 220, disponíveis na plataforma Sympla e na loja Planeta Surf do Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2.611)
- Sócios do Clube do Assinante têm 50% de desconto sobre o valor do ingresso inteiro