Por mais que haja uma vasta gama de artistas confirmados para o Rap in Cena World — são mais de 60 atrações —, o evento terá como principal destaque o público: são esperadas entre 13 mil e 15 mil pessoas em cada um dos dias do festival, que ocorre neste sábado (15) e domingo (16), no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, o Harmonia. Os ingressos podem ser adquiridos pelo Sympla.
GZH falou com alguns dos fãs da cultura hip hop espalhados pelo Estado — e até de fora dele — que estarão em Porto Alegre para acompanhar o evento de perto. Eles contaram quais são os artistas que estão mais ansiosos para prestigiar, além de explicarem a importância do rap em suas vidas.
Estudante de Jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Giulia Victória Borges, 22 anos, está animada para o seu primeiro Rap in Cena. Ela conta que é fã das gêmeas Tasha e Tracie, motivo pelo qual comprou os ingressos, mas também está ansiosa para ver Racionais MC's e MV Bill no palco:
— Fazem parte da minha cultura e só depois de 22 anos vou conseguir curtir um show deles. Isso é importante demais.
Porto-alegrense, Giulia ainda recorda que cresceu ouvindo rap e foi com o gênero que entendeu pontos importantes de sua vida:
— Foi com o rap que eu aprendi o que era certo e errado, como me portar perante policiais e como sobreviver na sociedade em que vivemos. Um festival deste porte aqui no Sul é muito importante, o Rio Grande do Sul é um dos Estados mais racistas do país e com o festival nós conseguimos mostrar que, sim, tem preto no Sul, existem, sim, outras culturas além das europeias e colonizadoras. Que esse seja o primeiro de muitos.
Moradora de Pelotas, a autônoma Caroline Barcellos, 19 anos, não atravessará metade do Estado sozinha para curtir os dois dias de festival: além de contar com os amigos, ela ainda está encabeçando excursões que virão do sul do Estado, com gaúchos admiradores dos artistas que se apresentarão neste fim de semana.
— A expectativa é muito grande, estou muito ansiosa porque acredito que vai ser um evento diferente de qualquer um que já teve aqui no Rio Grande do Sul. E a gente também vai poder encontrar os nossos amigos em um ambiente que a gente gosta, curtindo as coisas que a gente gosta — projeta ela, que conta os minutos para os shows de artistas como Matuê, Felipe Ret, Yunk Vino, Cynthia Luz e Djonga.
Segundo Caroline, neste ano, o Rap in Cena deverá "fazer história", pois é um movimento que envolve união, mesclando a cultura hip hop, o rap e o skate, tudo isso aliado com a meta de arrecadar toneladas de alimentos para famílias carentes com as doações pelos ingressos solidários.
— O rap não é somente um estilo de música, não é somente um beat diferente. O rap também é uma forma de protesto. O rap, hoje em dia, fala muito sobre a nossa indignação, sobre preconceito — aponta Caroline.
De Sobradinho, na região Centro-Serra do Estado, o barbeiro e empresário Eduardo Lisboa Freitas, 20 anos, vai encarar quase 250 quilômetros para marcar presença no Rap in Cena. Ele e mais dois amigos compraram ingressos para o domingo, com a intenção de ver MV Bill, Racionais MC's, Cartel MC's, ConeCrewDiretoria, DK47 e, principalmente, o Da Guedes. Porém, o grupo gaúcho foi transferido para sábado, o que fez ele e os parceiros ficarem "de cara", mas, mesmo assim, a expectativa segue alta.
— Apesar de não ter mais o Da Guedes, ainda vai ser um combo legal — conta.
Freitas já esteve no Rap in Cena em 2018 e voltar agora, para um evento ainda maior, segundo ele, "é bem da hora", porque terão artistas de todo o país e, também, músicos locais dos quais é fã. Segundo ele, é importante o Estado abrir as suas portas para o hip hop e, assim, dar a oportunidade de o público gaúcho prestigiar a cultura e, também, o rap:
— O rap significa muita coisa para mim, é só o que eu escuto. É uma ideologia.
Maria Montovani, vendedora e estudante de Direito de 19 anos, vai se deslocar de Florianópolis, em Santa Catarina, para acompanhar o evento. Ela está com a expectativa nas alturas, pois é o seu primeiro festival.
— E é um festival do estilo musical que eu mais amo e escuto muito. O rap, para mim, é inspiração, motivação e amor — explica ela, que está entusiasmada para os shows de Felipe Ret, ConeCrewDiretoria, Matuê, Teto, Orochi e Bin.
Maria, que acompanhará os dois dias do evento, garante que a distância não será um problema:
— Vai valer muito a pena. Tenho certeza que, apesar da correria, vai ser um momento que vou levar para sempre no meu coração e irei voltar para casa muito feliz.