"Um dia me disseram que o meu sonho era grande demais para mim. O que eles não sabiam é que meu sonho era tão grande que foi maior do que qualquer dificuldade." Esta foi a frase que ecoou pelas caixas de som do Rock in Rio na noite do último domingo (11), na voz de Ludmilla, momentos antes da entrada da cantora no Palco Sunset. A partir daí, foram cerca de 60 minutos de um show tão dançante e sensual quanto emocionante e representativo, apontado pela crítica e pelo público como um dos melhores da edição, responsável por escrever o nome da cantora na história do festival. Foi apoteótico. E é ainda em clima de apoteose que Ludmilla vai desembarcar em Porto Alegre para se apresentar no Pepsi On Stage, às 22h deste sábado (17).
A capacidade da casa de shows porto-alegrense pode até ser algumas — ou muitas — vezes menor que a do Rock in Rio, mas a aclamação com a qual a artista foi recebida pelo público do festival certamente se repetirá na passagem pela capital gaúcha. Poucas horas após o anúncio do show, no início de agosto, os ingressos já saltaram para o terceiro lote (veja informações sobre ingressos ao final do texto). Agora, há um setor já esgotado, no mezanino; outro, mais próximo ao palco, em quinto lote; e um remanescente no terceiro lote, mais distante do front. Sinônimo de casa cheia.
Em contrapartida, a cantora deve entregar ao público gaúcho uma apresentação que passeia por todos os diferentes momentos de sua carreira. A começar pelos tempos de MC Beyoncé, seu primeiro nome artístico, usado na época em que despontou na cena do funk cantando a afrontosa Fala Mal de Mim. "Não olha pro lado, quem tá passando é o bonde / Se ficar de 'caozada', a porrada come", diz um trecho da música, hit da fase artística que Ludmilla faz questão de reverenciar como fundamental para sua carreira.
— MC Beyoncé representa muita coisa e faço questão de sempre relembrá-la, porque se estou onde estou, foi por causa dela. Ela me abriu as primeiras portas e claro que no show tem um momento funk que remete total àquela época— diz, em entrevista a GZH.
Além de revisitar o alter ego, a cantora deve interpretar sucessos de seus primeiros anos como Ludmilla — após estourar com Fala Mal de Mim, ela abandonou a referência a Beyoncé para evitar possíveis problemas legais. São músicas como Hoje, Te Ensinei Certin e Cheguei, lançadas nos primeiros dois anos sob o novo nome artístico. E por falar em chegar, certeira no setlist é Favela Chegou, por meio da qual Ludmilla deixa claro qual é sua principal bandeira ao cantar a estrofe: "Ôôô, o funk chegou / Ôôô, favela chegou / Respeita, c***".
A ala mais "ousada" da discografia da cantora também deve estar na apresentação em Porto Alegre. Canções nas quais Ludmilla canta a liberdade sexual feminina, como Down, Down, Down ("Rebolo na cara do pai / E você pede mais / Dessa preta gostosa") e Rainha da Favela ("Aqui é só trabalho lindo / My pussy mata rindo / Eu já matei mais um"), título que acabou por se tornar uma espécie de terceiro nome artístico dela.
Entram também lançamentos mais recentes, como Socadona e Deixa de Onda. Os hits mais aguardados, porém, são aqueles do projeto de pagode da cantora, Numanice. O lançamento do primeiro álbum foi em 2020, após pedidos dos fãs para que ela explorasse o ritmo musical para além das palinhas dadas em shows de amigos como o sambista Mumuzinho — momentos cujas filmagens costumavam bombar no YouTube.
Ludmilla atendeu ao pedido sem grandes sacrifícios, pois, explicou à época, foi o samba o seu primeiro berço musical.
— Cresci frequentando rodas de samba no Rio de Janeiro e este foi o primeiro ritmo que cantei na vida. O funk me abriu as portas na carreira, mas antes eu já cantava nestas rodas de samba, ainda bem novinha — conta.
A volta às origens deu tão certo que, além de estar arrastando multidões pelo país com o projeto Numanice, há poucos meses ela lançou um segundo disco de pagode, com novas canções autorais. É em Numanice 2 que está a música Maldivas, por meio da qual se declara para a esposa Brunna Gonçalves e grava seu nome também no cancioneiro do samba ao cantar o amor entre duas mulheres.
— Já passou da hora de normalizarmos o amor, seja ele da forma que for — sentencia Ludmilla.
Brunna, como já virou tradição nos shows de Ludmilla, deve estar presente no Pepsi On Stage para conferir de perto a homenagem da esposa, em um momento que sempre leva à loucura os fãs. Já Ludmilla, como também já é tradição, vem para mostrar toda a sua versatilidade artística ao público porto-alegrense. E provar que estava certa quando, durante a apresentação no Palco Sunset do Rock in Rio, usou uma referência às posições do futebol para avisar:
— A mãe joga nas 11!
Ludmilla em Porto Alegre
- Neste sábado (17), às 22h, no Pepsi On Stage (Av. Severo Dullius, 1995)
- Ingressos inteiros a partir de R$ 220 ou solidários a partir de R$ 115, mediante doação de um quilo de alimento não perecível. Disponíveis para compra na plataforma Sympla, com taxas, ou na loja Planeta Surf do Bourbon Wallig, sem taxas
- Desconto de 50% sobre o valor do ingresso inteiro para sócios do Clube do Assinante e um acompanhante