Quase 30 anos se passaram desde que cinco garotos de Belo Horizonte decidiram se juntar para fazer um som, batizando a banda ainda de garagem de Jota Quest. Desde o lançamento do primeiro álbum, quando a coisa começou a ficar mais profissional, já se foram 25 anos. A data é celebrada na turnê nacional Jota25, que desembarca com shows em Porto Alegre nesta sexta (29) e no sábado (30), às 21h, e no domingo (31), às 20h, no Auditório Araújo Vianna.
Antes de chegar à capital gaúcha, a tour passou por São Paulo e Rio de Janeiro. Depois, deve seguir para cidades como Brasília, Curitiba, Belém do Pará e Fortaleza. Todos os shows vêm sendo e serão emocionantes, garante o vocalista Rogério Flausino, mas talvez nenhum seja tão especial quanto os três que farão em Porto Alegre. Isso porque foi aqui o primeiro lugar em que o Jota Quest fez sucesso fora do berço Belo Horizonte — e, segundo Flausino, nem mesmo lá eles faziam tanto sucesso assim.
— Em 1997, nos ligou um cara do Sul e falou assim: "Olha, eu sou do Sul, faço uns shows aqui, e queria muito trazer vocês". Só que o cara queria fazer, assim, uns 20 shows. E a gente ficou tipo: "Como assim 20 shows, cara? A gente não tá conseguindo fazer show nem aqui (Belo Horizonte)". Topamos, mas estávamos morrendo de medo que esse cara fosse passar a perna na gente — conta Flausino, aos risos. — Quando a gente chegou (em Porto Alegre), fomos fazer divulgação na rádio e fomos recebidos de uma forma efusiva, tinha uma galera lá fora gritando e tal. E a gente pensando: "Bom, deve ter alguém famoso aí". Mas era para a gente — lembra.
O sentimento foi de surpresa, pois, com a internet comercial ainda engatinhando no Brasil, a banda não tinha noção de que suas músicas estavam tocando no Rio Grande do Sul. Mas estavam. E tocavam tanto que o primeiro show deles na Capital conseguiu lotar o bar Opinião, feito inédito para o quinteto que, à época, costumava se apresentar apenas em pequenos estabelecimentos de BH. A performance fez espalhar o burburinho de que Jota Quest era sinônimo de casa cheia e rendeu inúmeras outras contratações para a banda no Estado.
— Ficamos uns três anos praticamente morando aí — diz o vocalista.
Entre todas as contratações, a mais importante foi o Planeta Atlântida de 1998, que Flausino considera o grande responsável por projetar o grupo para todo o Brasil. Depois disso, a banda ainda viria a se tornar uma das atrações que mais subiram ao palco do festival, em outro sinal de que o público gaúcho tem um "amor maior" pelo Jota Quest, para citar um sucesso deles.
Amor este que continua, mesmo após 25 anos. A prova está no número de assentos do Araújo Vianna que estarão ocupados durante a passagem da banda. Era para ser só um show, no sábado, mas os ingressos esgotaram tão rapidamente, em horas, que duas novas datas foram abertas na sexta e no domingo. Agora só há ingressos disponíveis para o domingo. E não são muitos.
— A fagulha acontece quando a gente percebe que não vai ser um show, nem dois, mas três. O Acústico (álbum lançado em 2017) passou por aí em três ou quatro vezes, sempre com casa cheia, mas não tínhamos dobrado data. Isso mexe demais com a gente, porque, na ponta do lápis, a gente vai vender mais convites para Porto Alegre do que para o Rio ou São Paulo. Isso é uma coisa muito doida, coisa de amor mesmo. Um caso de amor recíproco — analisa Flausino.
Para retribuir, a banda preparou um show de mais de duas horas e meia de duração, recheado com alguns dos seus maiores sucessos ao longo das quase três décadas de carreira. Serão 25 músicas fundamentais (entram hits como Só Hoje, Dias Melhores, Amor Maior, Fácil, Na Moral e O Sol), algumas canções mais lado B, escolhidas individualmente para cada cidade por onde a turnê tem passado, e pelo menos dois dos quatro últimos lançamentos da banda, as músicas Coração, Guerra e Paz, Imprevisível e Te Ver Superar, que falam sobre o período da pandemia.
A estrutura do espetáculo, dividido em três atos, também deve surpreender o público. Cenário e jogo de luzes prometem ser grandiosos, pensados a partir da direção criativa de Rafael Conde e do roteiro de Eduardo Rios, com a direção musical assinada pelo Jota Quest em parceria com Renato Galozzi.
É, na visão do vocalista, o trabalho mais maduro já feito pelo grupo, que permanece com a formação original e, segundo ele, conserva a essência que os uniu no início dos anos 1990.
— Além de uns quilinhos a mais e uns cabelos brancos, somos a mesma coisa — diverte-se o músico de 50 anos recém-completados, revelando o segredo para manter a união entre o grupo: — Eu brinco que não é fácil, extremamente fácil (risos, em referência a outro hit). Mas também não é impossível. Já tivemos insucessos, já tomamos pedrada, já fomos criticados e, obviamente, também já brigamos pra caramba em 25 anos. Mas depois sempre fazemos as pazes, porque os individualismos, quando se tem uma banda, precisam ser colocados em segundo plano. Quando a gente olha hoje para o Jota, só pensamos: "Meu, qual individualismo pode se sobrepor a essa história?".
Uma história que passa por Porto Alegre e que ficará eternizada aqui. A Capital será cenário para um documentário que está sendo preparado sobre a carreira da banda, com filmagens dos bastidores da turnê, dos shows e, aqui, também de visitas do Jota Quest a lugares da cidade que foram marcantes para a trajetória do grupo.
O quinteto ficará na cidade desta quinta (28) até segunda-feira (1º) para captar o material. Vão visitar o bar Opinião, onde tudo começou, a região do Anfiteatro Pôr do Sol, onde, no início dos anos 2000, reuniram 50 mil pessoas para um show do álbum Oxigênio, e conversar com fãs e jornalistas que acompanharam a efervescência das primeiras apresentações do Jota Quest em Porto Alegre. E, é claro, repetir um pouco do que foram estes momentos nas três noites de show no Araújo Vianna, fazendo aquilo de que mais gostam: cantar.
— O que está muito legal agora para a gente é poder subir no palco de uma casa lotada e ver aquele tanto de gente cantando as canções que a gente fez. Isso dá um prazer absurdo, não tem preço — diz Flausino.
Jota Quest - Turnê "Jota25"
- Nesta sexta (29) e no sábado (30), às 21h, e domingo (31), às 20h, no Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre.
- Ingressos disponíveis apenas para domingo, à venda na plataforma Sympla, a partir de R$ 260 (inteiro) ou R$ 140 (solidário, com doação de 1kg de alimento não perecível). Entradas esgotadas para as apresentações de sexta e sábado.
- Desconto de 50% sobre o valor do ingresso inteiro para sócios do Clube do Assinante e um acompanhante.