Pense num grupo que assimila o reggae e o ska, mas que também absorve o rock britânico (em especial, The Police e The Clash). Que explora ritmos regionais brasileiros e dialoga com sonoridades latinas. Que elabora um pop sofisticado e até experimental – o disco Severino (1994) que o diga. Que tem hits divertidos, dançantes, românticos e políticos. De diferentes facetas musicais.
Juntos há 40 anos em Seropédica (RJ) — antes de emancipar-se de Itaguaí, em 1995, na região metropolitana fluminense —, Os Paralamas do Sucesso se consolidaram como uma das bandas mais criativas do rock brasileiro. O grupo formado por Herbert Vianna (guitarra e voz), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) é um dos mais longevos em atividade no país. Também é um dos que mais acumulam sucessos presentes no imaginário popular.
As diferentes facetas e os hits da banda poderão ser conferidos no Rio Grande do Sul nesta semana. O trio volta ao Estado com a turnê Paralamas Clássicos. A primeira apresentação será nesta quarta-feira (13), no Theatro Guarany, em Pelotas. Na quinta (14), o show será em Porto Alegre, no Auditório Araújo Vianna. O grupo segue para Caxias do Sul (sexta, 15), Três Passos (sábado, 16) e Santa Maria (domingo, 17). (Confira o serviço de ingressos do show de Porto Alegre ao final deste texto e veja detalhes sobre as demais apresentações no Estado no site da banda.)
A ideia de Paralamas Clássicos surgiu após a banda finalizar a turnê de Sinais do Sim. O trio decidiu realizar um novo show que não abordasse nenhum álbum em especial, já que não estava lançando nada no momento. No entanto, quando o grupo estava prestes a estrear a nova turnê, a pandemia fechou todas as portas. Só no final de novembro de 2021 que o grupo pôde estrear Paralamas Clássicos no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ).
No palco, o trio ganha o reforço de mais três músicos que acompanham a banda há décadas: João Fera (teclados), Monteiro Jr. (saxofone) e Bidu Cordeiro (trombone). Paralamas Clássicos repassa mais de 30 canções que percorrem a história da banda, desde o disco de estreia, Cinema Mudo (1983), até o álbum mais recente, Sinais do Sim (2017). Então, é um show para o público relembrar e cantar junto Meu Erro, Ela Disse Adeus, Alagados, Vital, Óculos, entre outros êxitos.
— São os maiores hits, tudo o que os fãs querem ouvir de um show dos Paralamas. A gente toca duas horas e ainda ficam faltando algumas coisas, mas acho que todo mundo fica feliz (risos) — diz Bi Ribeiro.
A apresentação permeia as diferentes fases sonoras dos Paralamas, evidenciando a criatividade e a versatilidade do grupo. Tem reggae (Melô do Marinheiro), balada romântica (Aonde Quer que Eu Vá), pop requintado (Tendo a Lua), versões do rock latino (Trac-Trac e Lourinha Bombril, que foram adaptadas, respectivamente, dos argentinos Fito Paez e Los Pericos), entre outras possibilidades.
Segundo João Barone, essa diversidade sonora da banda tem muito da mão de Herbert Vianna, que escreve as letras e compõe as faixas. O vocalista e guitarrista sempre propôs aos Paralamas a busca por não se repetir.
— Por exemplo, nosso terceiro álbum foi muito ousado. A gravadora queria algo que seguisse a linha romântica da música Mensagem de Amor, e a gente veio com outra parada totalmente diferente com Selvagem? (risos) — conta o baterista. — Herbert sempre teve essa visão de levar a gente para novos universos, como se fosse a espaçonave Enterprise. Fomos dando a cara da banda para essas ideias do Herbert que afloravam.
Quatro décadas
Embora tenha sido fundada em 1982, a banda considera o disco Cinema Mudo, lançado no ano seguinte, como o seu marco zero. Por isso, as comemorações das quatro décadas ficarão para 2023. Um fato é celebrado a cada ano: Os Paralamas do Sucesso são a mesma banda desde o começo; o mesmo trio com o mesmo empresário, José Fortes.
— Não foi uma coisa premeditada: não imaginávamos que estaríamos aqui 40 anos depois, mas também nunca negamos a ideia. Sempre foi passo a passo: próximo show, próximo disco, próximo ano. Quando vimos, passaram-se 40 anos — destaca o baixista.
Barone complementa:
— Às vezes, as pessoas querem receitas muito garantidas do que pode dar certo. A nossa receita quem fez jogou fora (risos). Foi um feliz encontro. Eram três moleques que gostavam de tocar, e isso é uma coisa que não mudou desde o início: a gente ama o que faz.
Depois da turnê, a banda deve voltar a realizar os ensaios semanais, como tradicionalmente realiza, para trabalhar com as composições inéditas de Herbert. Em seu devido tempo, um novo álbum pode germinar.
— Estamos num momento de consolidação e reafirmação da nossa trajetória. De que estar juntos e tocar música é a melhor coisa que temos nas nossas vidas. Temos planos de compor e gravar até o último cair (risos) — brinca Bi Ribeiro.
"Paralamas Clássicos" em Porto Alegre
- Quinta-feira (14), a partir das 21h, no Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre.
- Abertura da casa: 19h. Classificação: 16 anos
- Ingressos: a partir de R$ 160 pelo site sympla.com.br. Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante e um acompanhante.
- Ingressos adquiridos para o show Sinais do Sim, que ocorreria em maio de 2021, no Salão de Atos da PUCRS, continuam valendo para esta apresentação e serão remanejados para setores correspondentes.
- Demais shows e ingressos podem ser conferidos no site oficial da banda.