Cinco décadas de história merecem homenagem. Nesta quarta-feira (22), Porto Alegre recebeu o espetáculo Califórnia da Canção Nativa – 50 anos de Nativismo – Tempo e Movimento para contar a história do festival gênese do movimento que revolucionou o cenário da música gaúcha.
Com ingressos gratuitos e em um Teatro Dante Barone quase cheio, teatro e música foram mesclados no palco. Foi Cesar Silveira Escoto, filho de César Osmar Rodrigues Escoto (1949-1998)— conhecido como César Passarinho — o responsável por interpretar o próprio pai, cantor símbolo do evento. Entre diversos artistas, mais de 20 composições eternizadas na memória da cultura do Rio Grande do Sul foram apresentadas.
Um dos destaques musicais foi Pirisca Grecco. A uma plateia emocionada, cantou Guri, clássico de Passarinho — alcunha dada à César em referência a seu pai, apelidado de gurrião. Em outro momento, Mauro Moraes interpretou Milonga Abaixo de Mau Tempo, canção escrita pelo artista para José Claudio Machado (1948-2011), que então a consagrou em sua voz.
O evento contou com direção musical de Marcello Caminha e Marcelo Caminha Filho, concepção e direção artística de Diego Müller e curadoria de Vinícius Brum. Shana Müller, Ernesto Fagundes, Ivo Fraga, Victor Hugo, Francisco Alves, Oristela Alves, João de Almeida Neto, Isabela Fogaça, José Fogaça, Maria Luiza Benitez, Robledo Martins, Luiz Marenco, Jari Terres, Neto Fagundes, César Oliveira, Rogério Melo, Analise Severo, Jean Kirchoff, Loma, Flavio Hansen, Daniel Torres e Érlon Péricles completaram o time de músicos que emprestaram sua voz à homenagem desta noite.
Califórnia da Canção Nativa
A história da Califórnia se inicia por meio da insatisfação. Jovens artistas indignaram-se com a desclassificação da milonga Abichornado, de Colmar Duarte e Júlio Machado da Silva, com interpretação de Os Marupiaras, no 1º Festival da Música Popular da Fronteira promovido pela Rádio São Miguel. A justificativa nada tinha a ver com a composição em si — mas com o fato de que era uma canção regional gaúcha.
Em 8 de dezembro de 1971 foi dada a largada na primeira edição da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul. Ao todo, músicos apresentaram 36 canções, das quais 18 foram selecionadas para duas noites semifinais, em 17 e 18 de dezembro. O vencedor levava o Calhandra de Ouro — troféu cobiçado até os dias de hoje.