Considerado um dos maiores flautistas do Brasil, Plauto Cruz deixou em 2017 um extenso legado na música, já tendo apresentado melodias com Elis Regina e Lupicínio Rodrigues. Contudo, a totalidade de suas criações ainda não foi revelada ao público: diversas de suas composições ainda estão guardadas. Em uma maneira de homenagear o músico e trazer à tona canções inéditas, o artista Paulinho Parada lançou um financiamento coletivo via Catarse para o disco Viva Plauto, acessível neste link.
O álbum deve misturar sucessos de Plauto, como Choro Clássico e Doce Ternura, com músicas nunca ouvidas, todas na voz de jovens artistas de Porto Alegre. Entre as inéditas, estão Linha São Gerônimo, sobre a cidade natal do compositor, e São Lucas, criada para o hospital de Porto Alegre enquanto ele esteve internado em 2002 após sofrer um acidente. Outro destaque é uma música feita para Altamiro Carrilho - e Parada diz não saber se o também flautista, falecido em 2012, algum dia soube da existência da canção. Em relação à escolha da idade dos intérpretes, destacou o risco de levar pessoas mais velhas para um estúdio em meio à pandemia, ao mesmo tempo em que sinalizou a importância de buscar a juventude para proporcionar uma renovação.
- É uma maneira de manter a música dele viva - afirma Parada.
Mesmo tendo sido um músico reconhecido nacionalmente, conta Parada, Plauto sofreu com o esquecimento nos últimos 10 anos de sua vida, uma vez que diversas pessoas próximas do compositor não queriam vê-lo com a saúde debilitada, sofrendo de Mal de Parkinson e de Alzheimer.
- Fiz um canal no Youtube para as músicas do Plauto, mas ele não está no streaming. E as músicas inéditas dele ainda não foram gravadas - ressalta o músico.
A relação entre os dois músicos data do início dos anos 2000, quando Parada decidiu sair do reggae para tocar MPB e tinha, por conta de seu avô, o flautista como uma de suas referências, ao lado de Mario Barros. Decidiu convidar ambos para gravar um disco e, em 2007, formalizou a parceria por meio do álbum Minhas Águas.
Dali surgiu a amizade que duraria até o final da vida do flautista, assim como o interesse de Parada em estudar o compositor. Em 2014, realizou um projeto para o Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural, da Secretaria de Cultura de Porto Alegre, a fim de reconstituir a obra de Plauto. Com isso, passou a frequentar a casa dele quase que semanalmente. No local, achou manuscritos escritos ao longo dos anos 1950, muitos dos quais eram de canções que não haviam sido apresentadas publicamente ainda. Depois, em 2017, lançou pela editora da UFRGS, junto com o professor Reginaldo Braga, o livro Tocando Plauto Cruz, onde estão as partituras do flautista. Para além da arte e da pesquisa, Parada conta ter até hoje o flautista como uma de suas inspirações.
- Quando não sei como agir em uma situação, penso: "o que o Plauto faria?". Ele era um cara muito humilde, era genuíno dele. Também era vaidoso, mas era algo muito ingênuo dele - afirmou.
O apoio do público pode ser concretizado até o dia 15 de novembro, às 23h59min, quando Plauto faria aniversário, com valor mínimo de R$25. A partir de R$40, os doadores começam também a receber recompensas, as quais vão desde um ingresso para o show de pré-lançamento do disco até uma arte exclusiva feita pelo cavaquinista Eduardo Rukat. Para ao menos R$1,5 mil vindo de uma empresa, a vinculação do nome da marca ao projeto também é uma contrapartida.