Idolatrado por diferentes gerações, o disco Nevermind completa 30 anos nesta sexta-feira (24). Considerado um divisor de águas na carreira do Nirvana, o álbum é lembrado por ser um dos expoentes do rock na década de 1990 e seu primeiro single, Smells Like Teen Spirit, já ultrapassou a marca de 1,3 bilhão de visualizações no YouTube.
Originalmente com 13 faixas, Nevermind ganhará uma edição especial comemorativa a partir de 12 de novembro, segundo a gravadora Universal Music. O material será formado por 94 faixas de áudio e vídeo, sendo 70 delas inéditas, em formato remasterizado das fitas estéreo analógicas originais para a versão em alta resolução.
Além das canções e clipes, os fãs poderão ver quatro shows ao vivo completos que destacam a ascensão do Nirvana, realizados entre novembro de 1991 e fevereiro de 1992, em Amsterdã, Melbourne, Tóquio e Del Mar, na Califórnia. As apresentações serão disponibilizadas nas edições Super Deluxe, tanto para quem comprar no formato de vinil como em CD e Blu-ray.
Recentemente, Nevermind voltou a chamar a atenção da mídia por conta de um processo judicial envolvendo a capa do disco. Eternizado por ter sido o bebê estampado na foto de divulgação, o norte-americano Spencer Elden está processando a banda e alega que foi explorado sexualmente na infância, já que fez o ensaio para o álbum quando tinha quatro meses de idade.
O processo, aberto da Califórnia, Estados Unidos, conta com 15 réus, incluindo os integrantes do Nirvana, a viúva de Kurt Cobain, Courtney Love, e a gravadora da banda que distribuiu o disco desde então.
Atualmente com 30 anos, Elden pede uma indenização de US$ 150 mil (cerca de R$ 780 mil) de cada uma das partes.
Importância
Musicalmente, a explosão de Nevermind na época de seu lançamento foi total, com In Bloom e Come As You Are, que para o crítico musical americano Alex Ross oscilam "entre a meditação e a luta". Para outro crítico do rock, o francês Nicolas Dupuy, é uma síntese entre "Black Sabbath e Beatles".
— Foi um álbum que deixou o hard rock velho, o rock da moda na época, superficial, misógino e menos intenso — afirma a jornalista musical francesa Charlotte Blum, autora de um livro sobre o movimento grunge, à AFP.
Atualmente, os artistas que destacam a influência do segundo álbum do Nirvana vão além dos grupos com guitarras. Para rappers como Travis Scott (nascido em 1991 e que veste com frequência camisas do Nirvana), Kurt Cobain "poderia ter sido um artista do hip-hop" por seu discurso anticonformista.
Outros rappers americanos, como Post Malone ou Kid Cudi, homenageiam o cantor usando vestidos floridos em suas apresentações.
— Com Nevermind, o Nirvana se tornou a HBO da música: todos os que fazem séries assistem a HBO, e todos os músicos de hoje já ouviram o Nirvana — completa Charlotte sobre a natureza intergeracional do grupo.
