O Rio Grande do Sul amanheceu de luto nesta sexta-feira (4), devido à morte de Berenice Azambuja. A cantora, compositora e acordeonista lutava contra um câncer no pâncreas e, na noite desta quinta-feira (3), sofreu uma parada cardíaca, no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, no norte do Estado.
Nas redes sociais, personalidades gaúchas prestaram homenagens a Berenice. Muitas das despedidas salientaram a importância da cantora para a música gaúcha e, também, destacaram como ela abriu as portas para outras mulheres conquistarem o seu espaço no meio tradicionalista do Estado.
Veja algumas das homenagens :
Neto Fagundes, cantor, compositor, instrumentista e apresentador do Galpão Crioulo, na RBS TV salientou que a música regional "perde uma estrela".
A GZH, Neto enfatizou que o pioneirismo da artista foi fundamental para a música gaúcha e brasileira. Ele acredita que a perda dela é "irreparável". Segundo o apresentador do Galpão Crioulo, a cantora foi uma pessoa singular e fundamental para várias áreas da cultura, por ter enfrentado o preconceito e encarado a estrada e a noite, atitudes essenciais para abrir caminho para as mulheres.
— Berenice era uma estrela gaúcha, brasileira, mas uma grande amiga da minha família e, quando comecei a recebê-la no Galpão, ela sempre se emocionava muito, porque dizia que tinha sido apresentada pelo Darcy, pelo Nico, pelo Bagre e, agora, estava sendo por mim — relembra Neto.
O artista, logo quando soube da morte da acordeonista, resolveu homenageá-la com versos, que revelou a GZH:
— Berenice Azambuja, mulher gaúcha de raça, precursora, referência, uma guerreira na essência no enfrentamento da arte. No palco, era o seu combate, a estrada, era o seu caminho. Das pessoas, o carinho e a gentileza de volta, seus fãs lhe faziam escolta, para se emocionar sorrindo. Muitas estrelas surgiam, Zé Mendes, o Teixeirinha; aqui, de uma região vizinha, os Bertussi, os Serranos; na praia, os Araganos; casa cheia, baita baile. Os palcos, lugar dos homens, poucas mulheres se via, mas uma luz se acendia e uma "cordeona" se ouviu. Lá por São Paulo ou no Rio, Porto Alegre ou Passo Fundo, era uma artista do mundo e, para nosso orgulho, daqui. Ela enfrentou preconceitos e, mesmo assim, não desistiu, estudou, viajou, sorriu, ensinou e aprendeu. Berenice não morreu, viverá nos nossos versos, uma estrela do universo, com brilho e luz de "candieiro", para iluminar o pago inteiro, com amor e com saudade.
Shana Müller, cantora, jornalista e colega de Neto Fagundes na apresentação do Galpão Crioulo, escreveu, para GZH, um texto em que ressalta que a artista foi além de sua obra, fazendo história. "Berenice sempre será mais que suas canções. Seu legado para a arte brasileira está na alegria de suas músicas, claro, mas também no seu comportamento precursor e transgressor, por que não dizer. Tocar música gaúcha, depois de ter começado na música popular brasileira, foi escolha dela, mesmo consciente de que o machismo imperava para tudo", escreveu Shana em um trecho de sua homenagem.
Além disso, ela também fez uma publicação em suas redes sociais se despedindo da artista:
A dupla César Oliveira e Rogério Melo, em publicação, reforçou a importância da artista para o meio tradicionalista, descrevendo-a como "a rainha da música rio-grandense".
César Oliveira ainda complementou a GZH:
— Perdemos um dos pilares da história musical gaúcha, uma mulher além do seu tempo e que, nos dias atuais, está mais presente que nunca. A sua autenticidade encantava a todos, além da sua musicalidade e capacidade de comunicação com a diversidade musical. Se integrava a qualquer segmento sem perder sua originalidade.
Cantor, compositor e instrumentista, Ernesto Fagundes se despediu da artista, a quem chama de "amiga".
O produtor musical Laercio da Costa reforçou que "foi um prazer" gravar com Berenice.
Em publicação em sua rede social oficial, o grupo Expresso da Vanera destacou que a "música gaúcha está de luto" com a perda da acordeonista.
A acordeonista Kerolin lamentou a morte de Berenice, dizendo que a artista deixa "um baita legado".
O perfil oficial do programa Galpão Crioulo também prestou homenagem a Berenice, salientando que ela foi "a maior gaiteira que o Rio Grande do Sul já viu".
Em entrevista a GZH, Ariane Motta, da dupla Gurias Gaúchas, salientou que Berenice abriu um caminho para todas as mulheres na música gaúcha.
— Sempre esteve à frente do seu tempo na vestimenta, na música e na interpretação. Uma inspiração eterna para todas as artistas de hoje e as que hão de vir. Obrigada por existir, Berenice Azambuja — disse.
Além dos artistas, outras personalidades gaúchas também se manifestaram sobre a morte de Berenice. O governador do Estado, Eduardo Leite, salientou a relevância da artista para os gaúchos.
Ana Amélia Lemos, ex-senadora e atual Secretária de Relações Federativas e Internacionais do Rio Grande do Sul, enfatizou a "quebra de paradigmas" promovida pela cantora.
A deputada federal Maria do Rosário apontou a "voz forte" que Berenice teve ao representar as mulheres na cultura gaúcha.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, prestou solidariedade aos familiares, amigos e fãs da acordeonista.
O velório de Berenice Azambuja começou às 4h desta sexta-feira (4), no Cemitério de Vila Lângaro, município que fica a cerca de 40 quilômetros de Passo Fundo. O enterro está marcado para às 17h.