Aniversariante na próxima semana — ele completa 80 anos em 5 de junho — Erasmo Carlos foi o convidado especial do SuperSábado na Rádio Gaúcha. Com Mariana Ceccon e Paulo Germano, o cantor conversou sobre seus próximos trabalhos, parcerias com Supla e Emicida e até o tratamento de câncer.
O bate-papo, no entanto, começou abordando a pandemia de covid-19. Erasmo contou que passou os últimos 14 meses com a esposa, no Rio de Janeiro, onde mora.
— No início, veio aquela coisa de pandemia, ninguém sabia direito como é que era, a gente foi ficando, com o tempo foi obedecendo, sempre seguindo as orientações da ciência, dos cientistas, e dispensamos a funcionária que trabalha (conosco). Então ficamos aqui, vivendo a vidinha da gente. Há 14 meses que a gente está assim, cara, vivendo aqui um para o outro.
Para o artista, a parte mais difícil do último ano foi ficar longe dos palcos, devido às restrições impostas pela pandemia.
— Eu amo a estrada, cara. Então isso aí foi para mim como um golpe mortal. Eu estou privado de fazer uma coisa que eu adoro, que eu amo.
Questionado sobre como exatamente tinha sido o movimento nos últimos meses, o artista relatou:
— Cara, com a pandemia não diminuiu (a rotina) não. Acabou. Acabou com as viagens, acabou com tudo, né. Então, de estradeiro que eu era, passei a ficar em casa. Tem de ficar em casa, então fui ficando em casa e tudo. Eu tinha uma vida ativa, em termos de shows, bem diversificada, eu adoro fazer show, viajava, fazia uma média de uns dois shows por semana. E tudo isso foi por água abaixo. Eu e outros artistas, né. Tenho certeza que eles sofrem muito, tanto igual a mim.
Os tempos de pandemia também o mantiveram longe da composição. Mas os fãs não precisam se preocupar, porque tem projeto novo no forno: O Futuro Pertence à Jovem Guarda, um novo álbum que deve ser lançado no futuro, ainda sem data.
— Essas palavras foram ditas por Lênin e foi desta frase que foi retirado o termo “jovem guarda” pelo Ricardo Amaral, que é o empreendedor aqui do Rio. Ele tinha uma coluna social de jornal em São Paulo chamada “Jovem Guarda”, tirou o nome desta citação. E a Jovem Guarda, o programa, foi tirada da coluna social que ele tinha. Então eu resolvi homenagear essa frase, “O futuro pertence à jovem guarda”, fazendo um duplo sentido.
O disco promete celebrar aquela geração, com Erasmo cantando várias das canções que marcaram época e tem um lugar especial em seu coração. Outro projeto a parte são as parcerias que o artista anda travando:
— Hoje em dia, neste momento, eu estou compondo com o Supla. O Supla está gravando, ele voltou com os Brothers, ele e o irmão dele, e aí a gente está fazendo uma música. Então há 15 dias passados, eu mandei uma música para o Emicida, mandei uma música para a Alaíde Costa, uma cantora de Bossa Nova, que está voltando com disco comemorativo.
Saúde
Por falar em futuro, Erasmo compartilhou que na próxima semana vai fazer uma última ressonância para ter certeza de que está curado do câncer de fígado. É a segunda vez que ele enfrenta a doença, mas o músico resolveu só abrir o jogo para os fãs na última semana, depois de terminar o tratamento.
— Eu não sou muito bom de data, não, eu confundo as coisas. Eu penso que as coisas foram ontem e já foram há cinco anos, sabe? Então, eu pelo menos há uns três anos, ou cinco, ou quatro, uma coisa assim, eu fui fazer um exame de rotina, de coisa de rim, pra ver se tinha pedra, coisas assim, e aí os médicos descobriram que eu tinha alguma coisa no fígado. Então aí descobriu-se que era um câncer — narrou ele sobre a descoberta da doença.
Em vez de um tratamento tradicional, contudo, ele participou de um novo procedimento, menos invasivo.
— Não existe corte, não é retirado o tumor, não. É uma coisa que é enfiada uma agulha elétrica e a agulha queima o tumor, sabe? Então é um método novo que foi criado recentemente. E eu participei deste método. Fui tratado com esse método, fui queimado e aí, consequentemente, eu esperei um pouco e fiz outra ressonância. Ele tinha ficado um pouquinho. Aí eu fiz outra vez e dizimou-se ele. Queimou-se ele totalmente e tudo mais. E eu farei minha próxima ressonância agora, justamente essa semana agora que vai entrar. E aí que eu vou ficar sabendo. Todo mundo espera, os médicos esperam, eu também espero, que esteja aniquilado. Mas só mesmo a ressonância que vai comprovar.
Ao comentar por que demorou tanto para revelar a situação, Erasmo conta que é discreto e não queria nenhuma grande comoção enquanto enfrentava a doença.
— Se eu anunciasse um negócio assim, começa muita gente a dar palpite, minha vida ia mudar, iria atrapalhar minha vida. Então, não, eu prefiro ficar em silêncio. Trabalhar em silêncio. Agora que tá bom, aí eu revelo para todo mundo: Estou bom, graças a Deus. E aí serve de exemplo para todo mundo, mas só agora. Agora que já não tem mais.