Filipe Catto, Glau Barros, Nino, Pâmela Amaro e 50 Tons de Pretas: reunindo cinco nomes gaúchos de destaque na última década, o projeto Anos 10 — Produção e Diversidade na Cena Musical Gaúcha tem início nesta quinta-feira (13). Nas transmissões virtuais exibidas pelo canal do YouTube Clube TV, que serão realizadas até 17 de julho, participam artistas e respectivos produtores para falar sobre seus trabalhos e trajetórias.
Anos 10 é fruto de dois agentes culturais que vivem em Canela, na serra gaúcha: Fernando Gomes, proponente e coordenador, e Enio Martins, curador e também coordenador. Os dois têm um histórico na realização de eventos na região serrana (feira do livro, festivais gastronômicos, shows etc). O projeto foi aprovado no Edital Criação e Formação — Diversidade das Culturas, realizado com recursos da Lei Aldir Blanc.
A iniciativa tem como objetivo trazer à tona o processo criativo e produtivo da música, desde sua composição, passando por produção e gravação, até chegar ao ouvinte. Para participar da curadoria, foi recrutado o jornalista e colunista de GZH Juarez Fonseca.
— Queríamos propor uma ideia que não fosse complicada, mas que também não fosse óbvia. Chegamos a esse formato, de lives com esse recorte. A ideia foi ter cinco artistas gaúchos, que de certa forma construíram suas carreiras nos últimos 10 anos no RS. Juarez indicou os cinco nomes — relata Enio.
Os dois curadores, Enio e Juarez, comandam as entrevistas e abrem a programação de lives nesta quinta, contando com a participação do músico Léo Henkin (guitarrista da Papas da Língua). Todas as transmissões devem contar com audiodescrição e tradução em Libras.
Anos 10 também traz a figura de quem planeja a carreira dos artistas, seja o produtor ou o empresário. É o que ressalta Enio, que já trabalhou agenciando nomes como Ritchie e Kid Vinil:
— O artista é o conteúdo, é a forma, é o que importa. Mas se não tiver alguém do lado planejando a carreira, fica difícil. A indústria musical está muito pulverizada por causa da internet. Essa figura precisa saber o que está fazendo, ter um pouco de sorte e ter um bom artista do lado.
A propósito dessa pulverização, Enio aponta que, nos anos 2010, não houve uma tendência mais forte no cenário musical gaúcho:
— A gente olhou para a cena e se perguntou se algum ritmo apareceria mais. É o nativismo? É o samba? É o pop rock? É o jazz? Não era uma coisa nem outra. É uma mistura.
Há no projeto três nomes mais ligados ao samba: Glau Barros, Pâmela Amaro e 50 Tons de Pretas. Nino tem uma ligação mais estreita com o pop rock, incorporando ritmos regionais. Já Catto canta de tudo um pouco: rock, blues, samba, bolero etc. É o exemplo vivo da mistura e da fluidez de estilos.
— Catto recebeu menos do mundo pop brasileiro do que merece. É um cara muito inteligente, que fala o que pensa — avalia Enio.
Oficina
Outra ação do projeto será a realização de uma oficina online de fundamentos de gravação com o engenheiro de som Tiago Becker, do Estúdio Soma. Segundo Enio, o objetivo é trazer conceitos básicos para se trabalhar em estúdio. Essa oficina será exibida no canal Clube TV no dia 24 de junho, às 21h.
Já no dia 17 de julho, haverá uma transmissão com a prática sendo realizada ao vivo, no Estúdio Soma, com a gravação de uma faixa inédita do 50 Tons de Pretas. Enio estima que essa última oficina possa ter aproximadamente 10 horas de duração. Seguindo protocolos sanitários, haverá a presença de seis oficineiros no evento. As inscrições para participar da gravação serão divulgadas no final de maio nas redes sociais do projeto.
Outras informações sobre o projeto podem ser consultadas no perfil do Instagram ou neste site.
Os participantes, segundo o curador Juarez Fonseca
PÂMELA AMARO
"Aos cinco anos, ela já entrava nas rodas de samba da família. Cresceu cantando. Na hora de escolher a faculdade, decidiu ser atriz e cursou Artes Cênicas na UFRGS. Uniu as duas coisas no espetáculo Lupi — O Musical, sua estreia nos palcos, em 2014. Além de trabalho solo, de samba, integra o grupo Três Marias, de ritmos afro-nordestinos."
FILIPE CATTO
"Um dia, em 2009, o povo do Bar Ocidente foi surpreendido com o show poderoso do desconhecido cantor. Em 2010, Filipe causava o mesmo furor em São Paulo. Em 2011, saía o primeiro disco. Tornou-se uma estrela, com músicas em novelas e shows lotados para ouvir os tangos, sambas, rocks e boleros como só ele/ela canta."
GLAU BARROS
"Ela precisou fazer 50 anos e lançar Brasil Quilombo, disco que já está na história do samba de Porto Alegre, para que a imprensa a 'descobrisse'. Mas Glau tem bom trajeto na área, está em atividade desde 1990 e é uma das grandes cantoras de samba do país. No disco, canta vários novos autores gaúchos, entre eles Pâmela Amaro."
NINO
"Letras incisivas, políticas, ritmos/gêneros como rock, folk, ciranda e até bossa nova, sublinhados por instrumental pesado, marcam o ótimo Navegar Nesse Mistério, de 2019. Antes de chegar a este primeiro álbum, Nino (nome artístico de Felipe Prestes) integrou o Grupo Musical Lá Fora, de música regional brasileira. Como jornalista, trabalhou na FM Cultura."
50 TONS DE PRETAS
"Dejeane Arruée e Graziela Pires eram professoras em escola pública de Campo Bom. Depois de uma apresentação de sucesso em data comemorativa, em 2017 decidiram apostar na música e surgiu o duo. Com músicas próprias, focando na militância social e antirracista, da MPB à black music brasileira, seu primeiro disco, Voa, saiu em 2020."
Programação do projeto Anos 10
- 13 de maio, às 21h: live de abertura com Juarez Fonseca, Enio Martins e Léo Henkin
- 20 de maio, às 21h: Pâmela Amaro e seu produtor, Tiago Souza
- 27 de maio, às 21h: Filipe Catto e sua produtora, Ana Paula Veríssimo
- 10 de junho, às 21h: Glau Barros e seu produtor, Celso Dias
- 17 de junho, às 21h: Nino e seu produtor, Protásio Júnior
- 24 de junho, às 21h: Oficina para produtores aprendizes, com o engenheiro de som Tiago Becker, no Estúdio Soma
- 17 de julho, a partir das 11h: gravação de faixa inédita do 50 Tons de Pretas com oficina