A euforia dos vencedores do 14º Festival de Música de Porto Alegre, selecionados em uma grande final no Auditório Araújo Vianna, em 6 de outubro, dá lugar agora à frustração. Quase cinco meses depois do evento, nenhum deles teve a premiação paga pela prefeitura municipal, promotora do evento.
– No edital do evento, não havia nenhum prazo para o pagamento. Imaginamos que, na primeira reunião, receberíamos uma resposta da Secretaria de Cultura e da prefeitura. Seguimos em contato, mas não tivemos retorno. Enviamos diversas documentações solicitadas, mas em nenhum momento veio um prazo ou uma data. Estamos indo para o quinto mês, e ainda não recebemos uma previsão – conta Gabriel Luzzi, premiado nas categorias Música de Rua e Melhor Torcida.
Os prêmios devidos a Luzzi totalizam R$ 4 mil. Somando os valores de todas as categorias, o débito da prefeitura com os artistas é de R$ 26 mil.
Após nove anos de hiato, o Festival de Música mobilizou envolvidos de diferentes regiões da cidade.
– Foi uma experiência ótima para nós, mas ficamos perplexos com a falta de pagamento – avalia Luzzi.
Segundo Henry Ventura, coordenador de Música da Secretaria Municipal de Cultura e responsável pelo festival, o pagamento estava previsto para janeiro, mas um "contratempo burocrático" impossibilitou colocar as contas em dia.
– Com a troca de ano, é preciso renovar os pedidos de liberação financeira, por determinação da lei. Como o término do festival ficou muito próximo do final do ano e com o trâmite burocrático, acabou que virou 2020. Por ter sido realizado no ano passado, mas o pagamento sair neste ano, tivemos que renovar o pedido de liberação. Infelizmente em decorrência disso tivemos esse contratempo.
Segundo Ventura, os pagamentos devem ser realizados ao longo de março. Os músicos ouvidos pela reportagem não haviam sido informados dessa previsão.
— Para a gente, soa como um desrespeito à classe artística. Nós temos uma banda de apoio que também está esperando (o pagamento do prêmio). As pessoas se doam, têm seus custos. O pior é não ter resposta (da prefeitura) – Grazi Pires, intérprete da Banda 50 tons de Pretas.
Os vencedores do Festival também apontam que ainda não receberam os cachês referentes ao Réveillon na orla do Guaíba, onde foram convidados para tocar – por conta da chuva, não puderam realizar os shows, mas o acordo com a prefeitura era de que, assim mesmo, receberiam o valor integral combinado. Ventura afirma que os cachês referentes ao Réveillon "estão sendo pagos", mas não repassou uma data limite para todos serem quitados.