Formada por três mulheres, a banda paulista de thrash metal Nervosa faz show nesta quarta-feira (11) no Opinião (Rua José do Patrocínio, 834). Em atividade desde 2010, o grupo tem na bagagem turnês internacionais e apresentações ao lado de bandas renomadas do metal, como Exodus, Destruction e Kreator. Este ano, a Nervosa subiu ao palco do Rock in Rio e chamou atenção por sua performance vigorosa.
O power trio vem a Porto Alegre com a turnê de seu terceiro disco, Downfall of Mankind (2018). Trata-se de um registro mais sombrio da Nervosa, na qual a banda passa a flertar com o death metal. Uma influência para essa sonoridade tem a ver com a entrada da baterista gaúcha Luana Dametto no grupo. Natural de Tapejara, ela entrou na banda entre o segundo (Agony, de 2016) e o terceiro álbum.
— Eu sempre toquei death metal. Por seis anos, toquei no Apophizys, minha ex-banda de Passo Fundo. Juntando meu estilo e minha trajetória na música, com o amadurecimento e influências das meninas, a banda acabou soando mais pesada mesmo — explica.
Além de Luana, a Nervosa conta com Fernanda Lira (vocal e baixo) e Prima Amaral (guitarra). As duas integrantes vivem em São Paulo, enquanto a baterista segue no Rio Grande do Sul. Segundo ela, as músicas do disco foram concebidas entre conversas e trocas de gravações pela internet.
— Gravamos o disco no estúdio Family Mob, em São Paulo, e foi a melhor experiência de estúdio de todas. Nosso produtor foi o Martin Furia, que também trabalha com o Destruction, da Alemanha, e é nosso engenheiro de som em algumas tours. Ficamos em torno de uma semana no estúdio gravando da manhã até a noite, e esse é o resultado do nosso último álbum — relata.
Entre os nomes que participaram de Downfall of Mankind estão João Gordo (Ratos de Porão), no crossover Cultura do Estupro, e Michael Gilbert (ex-guitarrista da banda de thrash metal americana Flotsam and Jetsam) e Rodrigo Oliveira (baterista da Korzus), em Selfish Battle.
Inspiração
Embora a Nervosa seja uma banda consolidada na cena thrash metal, Luana ressalta que o trio ainda recebe comentários muito mais pesados de pessoas com "mentes fechadas":
— É ótimo ter tanta divulgação por estar em uma banda só de mulheres, mas se torna um pouco chato quando, ainda, muitos dos comentários são sobre sua aparência, e não pela música que você está tocando. Muita gente ainda tem que entender que somos uma banda, gostando da gente ou não.
Conforme a baterista, a Nervosa ainda enfrenta situações de machismo e mansplaining (termo em inglês que designa situações em que um homem explica algo a uma mulher, de forma condescendente, como se ela não soubesse sobre o que está falando ou se ela não fosse capaz de entender), mesmo com toda experiência das instrumentistas.
— Mansplaining acontece muito no palco, quando do nada aparecem uns caras aleatórios vindo te ensinar como montar seu próprio equipamento, ou mesmo te dizendo se você está certa ou não no que pede pra ouvir no seu próprio retorno, como se depois de tantos anos tocando ao vivo eu não soubesse nem dizer se prefiro ouvir mais guitarra ou baixo. Aprendemos a lidar com esse tipo de situação simplesmente dando um chega pra lá e ignorando — destaca Luana.
Por outro lado, a Nervosa serve de inspiração para outras mulheres tentarem fazer o seu som também. A baterista ressalta que em muitos shows há meninas que contam ter se inspirado na banda para começar a tocar instrumentos e frequentar escolas de música.
— Isso é a coisa que mais nos motiva a continuar tocando. Assim como eu, lá atrás, me inspirei em um baterista pra decidir que também queria tocar bateria, hoje vejo toda uma geração de mulheres começando a tocar também. Depois do Rock in Rio, muitas crianças também vieram nos dizer isso, o que é ainda melhor. Na época em que comecei, me inspirei em muitos bateristas (homens), e quantas meninas será que não estão começando olhando pra nós hoje? — reflete.
Para 2020, o trio feminino já tem turnê prevista para a Ásia e Escandinávia:
— Não sabemos exatamente o que será em relação a lançamentos, mesmo porque não queremos dar spoiler, mas podemos garantir que vai ter show em todo lugar, e todo mundo vai poder nos assistir se quiser!
Nervosa
- Quarta-feira (11), às 21h, no Opinião (Rua José do Patrocínio, 834)
- Ingressos a R$ 50 (solidário, mediante doação de 1kg de alimento não perecível) e R$ 70 (inteira), no local e pelo site sympla.com.br, com taxas. Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante