Metal progressivo, a desprezível expressão metal melódico ou apenas metal: chame como quiser, o Dream Theater é um gigante em todos esses domínios. Formada no final dos anos 1980 por egressos da prestigiada Berklee College of Music, nos Estados Unidos, a banda conquistou os fãs de metal com um som que combina peso, melodia e muito virtuosismo técnico, com canções muitas vezes dotadas de exigentes mudanças de compasso e longa duração.
Nunca é demais para os fãs do Dream Theater, e é por isso que o show desta terça-feira (10) no Pepsi On Stage, em Porto Alegre, será um épico com três horas de duração. O retorno do quinteto à Capital – cinco anos após a passagem por aqui da turnê do álbum Dream Theater (2013) – será uma combinação de presente e passado.
O set list deve seguir o padrão do que a banda vem apresentando na Distance Over Time Tour – Celebrating 20 Years of Scenes from a Memory. Na primeira parte, faixas do mais recente álbum, o elogiado Distance Over Time, lançado neste ano, como Untethered Angel, Barstool Warrior, Pale Blue Dot e Paralyzed ou Fall Into the Light (eles costumam tocar uma ou outra entre as duas últimas). Também devem entrar A Nightmare to Remember (de Black Clouds & Silver Linings, de 2009) e In the Presence of Enemies, Pt. 1 (de Systematic Chaos, de 2007).
Álbuns clássicos, como Images and Words (1992), Awake (1994) e Train of Thought (2003), não têm sido contemplados nos shows, mas John Petrucci (guitarra), John Myung (baixo), James LaBrie (vocal), Jordan Rudess (teclado) e Mike Mangini (bateria) compensam na segunda parte, oferecendo um presente aos fãs, como o título da turnê já entrega: a execução na íntegra das 12 faixas de Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory (1999), celebrando os 20 anos do álbum conceitual que é um dos maiores feitos da história do rock progressivo.
Em entrevista concedida a Zero Hora por telefone, LaBrie compara o retorno a esse repertório a um reencontro com "um irmão perdido há muito tempo":
— Estamos vivendo a mágica de novo. Fãs que estiveram na turnê original dizem: "Meu Deus, é ainda melhor do que eu me recordo de 20 anos atrás". Os fãs brasileiros vão sentir que Scenes from a Memory é, do início ao fim, uma grande experiência musical que transcendeu o que havíamos originalmente planejado.
Conceitual
Não é preciso entender a grande narrativa do álbum para fruir sua exuberância musical, mas não custa lembrar: é a história de um sujeito assombrado por estranhas cenas que é submetido a uma terapia de regressão e descobre que, em uma vida passada, nos anos 1920, foi uma garota assassinada. O disco é a história da resolução desse mistério. Entre as faixas inesquecíveis, estão as instrumentais Overture 1928 e The Dance of Eternity, além de Strange Déjà Vu, Fatal Tragedy e a balada The Spirit Carries On, que virou um hino de irmandade entre os fãs do Dream Theater, entoado a plenos pulmões nos shows.
Inspirado em álbuns conceituais como Tommy (1969), do The Who; The Wall (1979), do Pink Floyd; e Operation: Mindcrime (1988), do Queensrÿche, Scenes from a Memory foi um projeto ambicioso desde o início, como relembra LaBrie:
— Quando sentamos ao final para ouvir cada música e como se entrelaçavam uma com a outra, percebemos que poderia vir a ser um clássico. Poética e musicalmente, havia algo especial. Foi então que tivemos a confiança de que a recepção mundial poderia ser boa, e foi exatamente o que ocorreu.
A maratona musical que é o show do Dream Theater deve ser encerrada, no bis, com outra do disco mais recente: At Wit's End. Se é um teste de resistência para o público, não é menos para a banda. O segredo para encarar a turnê, diz o vocalista, é descansar sempre que possível, comer bem, beber água e se exercitar:
— Quanto à preparação antes do show, todos fazemos aquecimento. Pode ser meia hora para um ou uma hora para outro, não importa. É o que sabemos que precisamos fazer para chegar àquela zona, quero dizer, para entrar no palco e dizer: "Estou pronto. Vamos tocar pelas próximas três horas". Ao longo dos anos, descobrimos o que funciona para cada um e o que não funciona. Todo mundo sabe que precisa chegar a um lugar em que esteja confortável.
Dream Theater
Nesta terça-feira (10), às 21h30min. Abertura dos portões: 19h30min.
Pepsi On Stage (Av. Severo Dullius, 1.995), em Porto Alegre.
Ingressos: de R$ 200 (pista - 2º lote) a R$ 350 (pista premium - 3º lote), ambos valores solidários, com doação de um quilo de alimento não perecível. À venda no site sympla.com.br (com taxa) e nos pontos de venda físicos (apenas em dinheiro): lojas Multisom dos shoppings Iguatemi (sem taxa), Praia de Belas e BarraShopping Sul e na Andradas 1.001, e nas lojas Verse do Shopping Lindoia e da Andradas 1.444.