Ao anunciar sua nova turnê, em maio, Lulu Santos disse em entrevista a GaúchaZH:
— Volto para a estrada com um show que defende as cores de um álbum feito para um amor em BH e que se chama Pra Sempre... Nada mais apropriado.
O cantor, compositor e hitmaker fazia referência ao seu novo disco, lançado naquele mês, e a seu novo amor, o mineiro Clebson Teixeira, com quem formalizou casamento. Na quinta-feira (19), Lulu mostrará em Porto Alegre, no palco do Gigantinho, a combinação de realização profissional e felicidade pessoal cristalizada em Pra Sempre. É seu primeiro disco com faixas inéditas em cinco anos, no qual o artista que já se intitulou o último romântico fala de temas caros: todas as formas de amor.
Junto com o disco, Lulu tornou público o seu relacionamento, referenciado em faixas como Orgulho e Preconceito e Radar. É seu álbum de casamento, costuma dizer Lulu. Em conversa por e-mail com GaúchaZH, perguntado sobre a exposição de sua intimidade e a reação de seus fãs, responde:
— A exposição é também uma contingência da contemporaneidade, como digo na letra de Hoje em Dia. É a celebração do nosso encontro e seu desenvolvimento, da natureza absolutamente pessoal. Começou a dar-se através das postagens dele, que até então tinham pouca ou nenhuma visibilidade pública, e se tornou assim pelas minhas repostagens. Do particular e privado ao público, sem escalas.
Lulu Santos declarou que a exposição de sua vida afetiva e de sua orientação sexual foi o seu maior ato político na vida. Diante do contexto de um Brasil polarizado, onde temas como homofobia, intolerância e cerceamento à liberdade de expressão esquentam as pautas de discussões em diferentes esferas da sociedade, o músico não se vê exercendo, no sentido estrito, a militância de uma causa.
— Não diria militância no sentido de ativismo, há quem o faça, mas também não abraço um “passivismo” — destaca Lulu. — Nossa naturalidade torna o ato automaticamente político no ambiente vigente. Parece uma radicalização, mas é apenas corriqueiro, apenas quem somos.
Lulu traz no repertório, além das novas composições, a seleção de hits que consagrou em mais de 30 anos de carreira: entre outros tantos, Tempos Modernos, Um Certo Alguém, O Último Romântico, Assim Caminha a Humanidade, Como uma Onda e Toda Forma de Amor. Essa última, lançada em 1988, em meio ao processo de redemocratização do Brasil e à elaboração da nova Constituição — que decretou o fim da censura imposta na ditadura militar —, tornou-se uma espécie de hino que desde então embala demandas libertárias da vida cotidiana contra o preconceito e a intolerância. Sobre a perenidade da canção e seu simbolismo, Lulu comenta:
— Francamente, não acho que me caiba avaliar. No caso de Toda Forma de Amor e Tempos Modernos, o tempo modificou o entendimento. Sou tanto agente, o compositor da canção, quanto paciente do efeito que se processa.
Aos 66 anos, ele cita uma canção de Paul Simon, The Boy in the Bubble, para comentar a longevidade de artistas veteranos no rock e na música pop, diante do fato de serem estes, em seu nascedouro, nas décadas de 1950 e 1960, trilha sonora feita por jovens e para jovens. Mick Jagger, por exemplo, segue firme e forte à frente dos Rolling Stones, aos 76 anos.
— Como disse Paul Simon, “It’s every generation throws a hero up the pop charts” (Cada geração lança um herói nas paradas de sucesso). Pop é jovem por natureza, gerações se sucedem mas não se extinguem. Um legado é um legado.
Guitarrista exímio — especialistas o colocam entre os mestres do instrumento no Brasil —, Lulu foi deixando a guitarra de lado ao longo de suas investidas pela música eletrônica e desbravamento de novos sons e timbres. Mas não a abandonou. Ele explica:
— Cheguei à conclusão de que a minúcia do tocar, estudar e praticar afasta a espontaneidade do compositor. A guitarra continua sendo minha ferramenta, como a uso decorre da necessidade.
O show de Lulu Santos no Gigantinho é uma promoção do Grupo RBS. Sócios do Clube do Assinante têm desconto na compra de ingresso. Anteriormente agendado para o Auditório Araújo Vianna, o espetáculo foi transferido de local, segundo os organizadores, em razão da grande procura por entradas. O lote extra para o Gigantinho conta apenas com ingressos para as arquibancadas (veja abaixo).
Lulu Santos - “Pra Sempre”
- Quinta (19), às 21h (abertura dos portões às 19h). Duração: 90min. Classificação: livre
- Gigantinho (Av. Padre Cacique, 891, ao lado do Estádio Beira-Rio).
- Ingressos: disponíveis apenas para arquibancada: R$ 75 (meia-entrada); R$ 90 (ingresso solidário, mediante doação de um quilo de alimento não perecível) e R$ 15O (inteira). Venda sem taxa: bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, nº 80) e Hits Store do Shopping Praia de Belas (2º andar). Venda com taxa: site uhuu.com. Ingressos adquiridos para o Araújo Vianna seguem com seus locais marcados correspondentes, exceto os setores Baixa Lateral, Alta Central, Alta Lateral e Lateral em Pé, que serão ocupados por ordem de chegada.
- Estacionamento: vagas gratuitas no Estapar (ao lado do Gigantinho), mediante apresentação de ingresso.